Acho que a maior parte dos leitores/cinéfilos/pessoas aleatórias já ouviu falar sobre esse livro, desse autor. Talvez não saibam exatamente sobre o que o livro fala, e talvez até mesmo alguns passassem a não curtir muito o livro depois de lê-lo ou de ouvir um pouco sobre o que se trata.
O Código da Vinci é um dos livros mais lidos no mundo inteiro e inclusive o 20º livro mais vendido [no ranking de livros com mais de 50 milhões de cópias vendidas. No caso, O Código da Vinci vendeu mais de 80 milhões de cópias], contando com outras edições também de outras editoras - tanto da Bertrand Brasil como quanto da Sextante também.
Ele faz parte de uma "série" de livros do autor Dan Brown. No caso, o que conecta os livros dessa série é uma espécie de linha do tempo e o fato de que o protagonista é sempre o mesmo - Robert Langdon. Não há absolutamente nenhum mal em ler 'fora da ordem' [como eu fiz, começando direto pelo Código da Vinci e indo para Inferno], porque a única coisa que mostra essa conexão entre os livros é uma pequena menção ou outra dos acontecimentos de livros anteriores, mas nada que dê spoilers ou, enfim, coisas do tipo.
Para os mais metódicos, a ordem seria: Anjos e Demônios; Ponto de Impacto; Código da Vinci; Símbolo Perdido e, finalmente, Inferno [o mais recente de Dan Brown].
Para os não tão metódicos assim: vamos falar sobre o livro extremamente polêmico cuja adaptação cinematográfica foi quase proibida de ser produzida pelo Vaticano.

Momentos antes de morrer, Saunière consegue deixar uma mensagem cifrada na cena do crime que apenas sua neta, a criptógrafa francesa Sophie Neveu e Robert Langdon, um famoso professor de Simbologia de Harvard, podem desvendar.
Os dois transformam-se em suspeitos e em detetives enquanto percorrem as ruas de Paris e de Londres tentando decifrar um intricado quebra-cabeça que pode lhes revelar um segredo milenar que envolve a Igreja Católica.
Apenas alguns passos à frente das autoridades e do perigoso assassino, Sophie e Robert vão à procura de pistas ocultas nas obras de Da Vinci e se debruçam sobre alguns dos maiores mistérios da cultura ocidental - da natureza do sorriso da Mona Lisa ao significado do Santo Graal.
Autor: Dan Brown.
Ano: 2004.
Editora: Arqueiro.
Páginas:421 + capítulo de Anjos e Demônios.
Acho que já deu para ver, pela sinopse, que o livro realmente promete trazer umas discussões bem polêmicas à tona - coisas como Jesus Cristo, Santo Graal e, especialmente, a Igreja Católica [o que ainda me faz pensar que a Igreja deve ter esse livro dando alergia na sua instituição até hoje.
Já começamos o primeiro capítulo acompanhando o assassinato do curador Jacques Saunière que, segundo a sinopse, está envolvido em alguns grupos bem "polêmicos". Como lemos na sinopse, não é novidade alguma que Jacques antes de morrer deixa uma mensagem, de alguma forma, para sua neta, Sophie, e para o simbologista Robert. Acontece que... o modo como ele é morto, por quem ele é morto e onde ele deixa a mensagem... Já são coisas que deixam o leitor intrigado desde o princípio [ponto para Dan Brown, que sabe fisgar o leitor].
[Este é o livro. Olá]
Durante toda a leitura, acompanhamos Robert e Sophie em sua tentativa desvairada de desvendar quem matou o curador Jacques. Claro que, como simbologista e como um livro de suspense e investigação, teremos muitas idas e vindas dos dois personagens principais e eles quase sendo pegos para, no final, se livrarem e serem perseguidos, etc, etc, etc, etc.
Essa foi uma das coisas que me irritou um pouquinho durante a leitura. Eu não curto muito essa coisa dos herois sempre se safarem ou sempre estarem perto de serem pegos e, DE REPENTE, POR ALGUM MOTIVO DO ALÉM-TUMULO, eles se livram (!!!!). Não suporto esse tipo de coisa e durante a leitura de Código da Vinci essas coisas me irritaram e me fizeram tirar uma estrela ao total [de cinco estrelas]. Quer dizer, o livro poderia ser um pouco mais lógico, certo? Os principais às vezes são pegos e às vezes se ferram demais e muitas vezes eles morrem.
Quer dizer, cadê o sentido disso?
Além do que, não há muito o que falar dos personagens. Há o tipíco protagonista inteligente pra caramba, a garota que se une a ele e também é muito inteligente, e o investigador da polícia que acha que sabe tudo mas não sabe nada [fazendo o Snow] e os ajudantes do investigador da polícia que normalmente podem ser caras descolados, gordos ou idiotas. E, como sempre, há o amigo do protagonista, e o vilão da história. Fim. São personagens típicos, sem muita profundidade psicológica ou qualquer coisa do tipo, com histórias montadas superficialmente [dependendo da importância do personagem] e que de alguma forma se encaixam com a história do livro, em si.
Portanto, o que há de mais rico na história do Código da Vinci não é o elenco.
[Adorei a organização dos capítulos, sem pular muitas linhas ou sem começar em outra página. Gostei mesmo]
De qualquer modo, o restante do livro é muito maravilhoso. Não sei se eu digo isso porque a investigação é feita de uma forma inteligente, lógica e racional, ou se digo isso porque as coisas que envolvem a investigação são perfeitamente polêmicas ou, então, se é porque ao ler essas coisas polêmicas eu fiquei bastante feliz [curto coisas polêmicas, especialmente envolvendo instituições poderosas como o Vaticano].
Aliás, uma coisa que realmente me agradou foi a veracidade de certas coisas que são importantes no livro [como o Priorado de Sião, Opus Dei...]. Logo no começo do livro, temos uma página falando sobre a veracidade dos assuntos, e também sobre os detalhes das obras de arte, dos autores, pintores, etc. Isso torna a história ainda mais interessante, porque você fica se perguntando "e se as coisas que não são verdadeiras... Fossem?".
Mas o que realmente me interessou foi a polêmica.
Caso vocês não saibam, ou sei lá, não tenham notado ainda, Código da Vinci tem seu enredo todo envolvido pela Igreja e pelos pontos da religião católica [Jesus, Maria Madalena, Santo Graal, etc] e o autor, Dan Brown, toca em assuntos e em questionamentos que talvez não sejam muito legais para o Vaticano ou até mesmo para muitos católicos ao redor do mundo. Ao mencionar o Opus Dei, por exemplo [uma organização extremamente conservadora da Igreja Católica que é conhecida por "mortificações corporais", ou seja, penitências corporais, autoflagelamento, etc], o autor talvez esteja tocando em uma ferida que está aberta e que não vai se fechar nunca. Toca em pontos do Vaticano que, eu acho, o atual Papa não queira falar muito sobre.
Ao mencionar Maria Madalena, Jesus e Santo Graal [que poderia ser o Cálice usado por Jesus na santa ceia, OU que é "alguma coisa" relacionada a Jesus e que foi procurada pelo Rei Artur e pelos cavaleiros da Távola Redonda - segundo o mito do Graal - mas que, no Código da Vinci, tem um significado extremamente polêmico para o Vaticano e para católicos mais fervorosos, talvez], acredito que Dan Brown esteja tocando em assuntos que não sejam tão agradáveis de serem discutidos, que não são muito bem aceitos - pelo que deu para perceber - e que, certamente, não são bem vistos por organizações como o Opus Dei.
E isso é legal.
Nada contra o Vaticano, claro, mas eu gosto de livros que cutuquem feridas. Gosto de livros que propõem questionamentos e que, especialmente, façam as pessoas duvidarem do que já escutaram/aprenderam. Não em especial sobre o Vaticano, mas sobre qualquer coisa! Qualquer coisa que promova um questionamento mais avassalador, para mim, é digno de atenção. Por isso gostei tanto de O Código da Vinci; porque ele propõe esse questionamento... Sobre a Igreja e tudo o que ela já alegou.
[Esse é Robert e essa é a Sophie. Atrás, temos a famosa Mona Lisa]
Continuando e deixando as polêmicas de lado, eu diria que Código da Vinci é um dos livros mais lidos, mais vendidos e mais adorado no mundo justamente pelo questionamento que ele traz, pelas coisas que ele aponta e critica e, especialmente, pela escrita.
Eu nunca havia lido Dan Brown antes e, preciso confessar, eu julgava extremamente o autor. Não sei o motivo, mas eu achava que os livros eram ruins ou que, sei lá, eram muito românticos (?). Ainda bem que comecei a ler esse livro, porque eu enxerguei que o autor é muito bom, e que escreve realmente muito bem.
De qualquer modo, o desenrolar do livro e da investigação são bons... Mas o final é um tanto quanto decepcionante. Quer dizer, eu esperava mais, de fato. Eu esperava algo surpreendente de uma forma mais lógica, e não o que aconteceu.
Sem querer dar nenhum spoiler sobre o final ou sobre a história do livro em si, eu acredito que devo falar que, talvez, essa história prometa demais durante o desenrolar de tudo, mas que ao final... Ela é um tanto quanto normal. Eu esperava uma coisa maior, esperava uma grande revelação, esperava QUALQUER COISA MAIS ABSURDA E MAIS LOUCA, mas não o que aconteceu!! Fiquei seriamente chateada com Dan Brown [apesar de que ele está cagando para isso] e com esse final.
Eu queria mais. Esperava mais.
Apesar disso, o livro continuou com quatro estrelas no skoob porque de fato tudo o que envolve a história e a investigação é sensacionalmente polêmico e [FODA] maravilhoso. Eu gostei demais disso, e chegou até a superar esse final meio decepcionante.
No final das contas, o livro é ótimo e a escrita também. Se você quiser ler, prepare-se para ler coisas um tanto quanto questionadoras.
Como eu já vi o filme, pretendo dar aquela resenhada também. O que já posso adiantar é que, mesmo sendo um tanto quanto fiel... O filme deu um jeito de destruir a "ideia questionadora principal" do livro - com somente uma mudança em uma fala, de uma cena.
Até lá :D
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