17 de maio de 2014

Insurgente [Divergente] - Veronica Roth



    E dessa vez vamos falar sobre a continuação da trilogia mais famosa do momento, aquela que prende atenção de muitos leitores por se tratar de uma guerra entre facções que querem, aparentemente, o controle da cidade. Vamos falar sobre Insurgente.

    Caso não se lembrem, aqui vai uma pequena retrospectiva de Divergente: 

    Temos Beatrice Prior, de 16 anos, que acaba recebendo de seu "teste de aptidão" o resultado de Divergência entre três das cinco facções existentes em sua sociedade distópica (divergente entre Audácia, Abnegação e Erudição, restando apenas Amizade e Franqueza) e numa luta interna contra sua criação e sua própria família - da Abnegação - Beatrice escolhe a facção da Audácia, cujos membros se vestem de negro, portam armas, pulam em/de trens em movimento e são responsáveis pela defesa da sociedade (a Audácia preza a coragem, acima de tudo). Durante a iniciação da Audácia (que se prova relativamente complexa e difícil), Beatrice muda seu nome para Tris, faz três tatuagens, fica reconhecida por ter sido a primeira "inicianda" transferida a saltar do telhado de um prédio para a entrada da Audácia, e conhece Quatro, um membro de aparência relativamente familiar e que é chamado assim por ter somente quatro medos. A partir daí, Tris precisa aprender a esconder sua Divergência porque isso lhe custaria a vida: Divergentes são mortos por pensarem diferente, por não serem manipulados e por não reagirem às simulações criadas por soros da Erudição. Nesse meio tempo, descobre-se que a Erudição (facção que preza o conhecimento, acima de tudo, e cujos membros vestem-se de azul) planeja um ataque. No meio da noite, muitos membros da Audácia acordam como zumbis, controlados por um soro maligno de simulação criado por Jeanine Matthews - a líder da Erudição - mas que não causa efeito nos Divergentes - Tris, Quatro e alguns outros - e eles são colocados a prova para tentar salvar os outros membros que marcham em direção à Abnegação para liquidar todos os líderes. Ao tentar se salvar e salvar Quatro, Tris acaba se revelando Divergente e é levada à Jeanine Matthews por Eric, um dos antigos líderes da Audácia. Na sala, Quatro recebe um soro de simulação específico para Divergentes e se torna fora do controle, enquanto que Tris é aprisionada num tanque de água, mas é libertada pela mãe que revela ter sido uma antiga integrante da Audácia. Durante a fuga, a mãe de Tris morre e Tris acaba matando seu amigo manipulado Will (o que a atormenta por todo Insurgente), antes de conseguir fugir para o esconderijo onde estão membros refugiados da Abnegação - e Caleb, o irmão, da Erudição. Lá, eles montam um plano: invadir a sede da Audácia para recuperar os dados e cancelar a simulação: só assim para parar os membros da Audácia. Chegando lá e após muitas dificuldades, Tris encontra Quatro/Tobias na sala de controle da Audácia e os dois lutam. Em dado momento, Tobias se liberta da simulação de Divergente e cancela a simulação da Erudição.

    No final das contas, a Audácia e Abnegação não existem mais. A Erudição quer o controle sobre a cidade, e os membros de negro e cinza querem vingança. 

    Vamos voltar, então, para esse mundo de facções e audaciosos.

"Na Chicago futurista criada por Veronica Roth em Divergente, as facções estão desmoronando. E Beatrice Prior tem que arcar com as consequências de suas escolhas. Em Insurgente, a jovem Tris tenta salvar aqueles que ama - e a própria vida – enquanto lida com questões como mágoa e perdão, identidade e lealdade, política e amor. "


Autor: Veronica Roth.
Editora: Rocco.
Trilogia: Divergente.
Ano dessa edição: 2013.
Ano do lançamento: 2012 (EUA); 2013 (Brasil)
Número de Páginas: 512.
Minha nota no Skoob: 4/5


    Claro que a sinopse nunca é tão completa quanto um belo resumo do livro que estamos lendo ou que pretendemos ler. Como é, claro, o caso de Insurgente. Na verdade, a questão com Tris é muito mais "grave" do que simplesmente questões como "salvar a própria vida". Quem leu Insurgente sabe exatamente do que eu estou falando, mas infelizmente não posso explicar muito bem para quem não leu, caso contrário, estarei dando spoiler sobre o livro.

    De uma forma ou de outra, depois daquela nossa retrospectiva Divergente, temos a seguinte situação: Tris se encontra na corda bamba. A Audácia acabou, assim como a Abnegação - cujos líderes foram mortos impiedosamente! - e tudo o que eles mais querem no momento é uma vingança contra a Erudição, contra o fato de que ela manipulou a mente de tantas pessoas para que Jeanine pudesse conseguir seus "caprichos". Mas será que ela estaria realmente errada? Será que a Erudição é realmente tão ruim a esse ponto?

(Esses livrinhos compactos são lindos, só que preciso admitir que achei Divergente e Convergente mais bonitos que Insurgente. Na verdade, meu ranking ficaria tipo: Convergente > Divergente >> Insurgente)

    Acredito que esse livro tenha sido relativamente melhor do que Divergente. Não no quesito "descobrindo outras facções e o modo de viver da cidade da Tris", mas no quesito psicológico, dramático, que mexe com o que é a personalidade, o que nós somos e o que nós poderíamos ser. É um livro que, especialmente para o final, mostra muito a parte de análise mental, psicológica do outro - por parte da Tris que, evidentemente, não poderia deixar de lado esse lado "Erudição" dela.

    Eu gostei bastante de Insurgente por diversos motivos. Não só pelas análises psicológicas dos outros personagens, e da própria Tris aliás, mas também porque deu pra conhecer bastante sobre as outras facções. Quero dizer, nós possuíamos um bom vislumbre sobre a Audácia e Abnegação em Divergente, e em Insurgente nós conhecemos muito melhor as outras três facções: a Amizade, a Franqueza e a Erudição e, confesso, se pararmos para analisar cuidadosamente cada facção é cada de nossa "decisão" ser alterada. Eu, por exemplo, poderia muito bem ir para a Erudição ou Audácia, mas confesso que depois do que li em Insurgente - e na parte final de Divergente - minha ideia sobre a Erudição mudou muito. Se eu estivesse na pele da Tris e soubesse como as facções são de fato, eu ainda teria escolhido a Audácia. Mas, do mesmo lado de pensamento, eu não teria ido para essa facção.

    A questão é que, como Insurgente nos mostra, todas as facções não são exatamente o que aparentam. Os membros da Amizade não são daquele jeito porque eles realmente querem ser ou porque eles sempre foram, mas na verdade há uma manipulação por trás disso tudo. Nós vemos que as facções são exageradas, são erradas, elas prezam muito algo e a partir disso elas fazem qualquer loucura para serem do jeito que gostariam. A Audácia, por exemplo, preza tanto a coragem, mas no fundo a maioria é covarde, a maioria só está ali para provar que suporta a morte, que consegue participar de coisas radicais ou que atiram bem com uma arma, ou porque procuram vingança. A maioria ali não é corajosa de verdade, nunca foi, eles se esforçam pra aparentar ser.

    Aliás, além das facções, nós também conhecemos muito os sem-facção. O povo que acabou desistindo, ou que não indicou aptidão para nenhuma facção, ou que simplesmente foi reprovado nas iniciações de suas facções escolhidas (o que é muito comum na Audácia, por exemplo). Esse povo que vaga pelas ruas e é alimentado pela Abnegação, que é cuidado pelos membros de roupas cinzas e cabelos modestos, e que, aparentemente, não representa perigo algum.

    Será que é verdade?

(Essa é uma das melhores partes. Quero dizer, talvez seja rçrç)

    Insurgente também vem para mostrar que nem sempre a cidade de Tris foi desse modo e que há algumas coisas escondidas, muitas perguntas no ar. O que Jeanine queria dos líderes da Abnegação? E por que Marcus afirma que conta a verdade sobre o fato de que os líderes Caretas morreriam pela informação que guardavam? O que será que Jeanine, especialmente, quer fazer com essa informação?

    E os Divergentes? Ela queria encontrar um soro de simulação capaz de controlar também a mente Divergente - e quase teve sucesso com Tobias - para poder criar outro exército humano. Mas se ela já tem a Audácia e já acabou com a Abnegação, contra quem Jeanine quer lutar? Contra os sem-facção? Mas que perigo eles representariam?

    São tantas perguntas a serem respondidas, que só lendo o livro mesmo para saber.

    Mas, de fato, como dá para notar na capa de Insurgente o foco aqui é a Amizade. Vamos conhecer mais da Amizade, vamos saber sobre a líder - uma transferida da Franqueza - e sobre o sistema deles de água, que tanto interessou Caleb. Vamos descobrir o que está acontecendo com essa facção aparentemente tão neutra e bondosa, que seria capaz de se colocar entre os inocentes e as balas apenas para promover a paz.

    É, evidentemente, uma facção "à esquerda".

    Desde que li Divergente, quando passei pela descrição da Amizade (preza, óbvio, a Amizade e culpou o individualismo), com seu símbolo-árvore, e membros com roupas vermelhas e amarelas, e aquele menino irmão da Susan, da Abnegação, transferido para a Amizade... Eu confesso que pensei: "Ok. Essa é a facção aleatória. Aquela criada para preencher espaço", quase como a Franqueza, mas a Franqueza realmente me assusta (ser honesto o tempo inteiro? Acho que eu surtaria na iniciação da Franqueza com o soro da verdade). Na verdade, o tempo inteiro a Amizade parecer ser uma facção meio sem graça, meio idiota, cheia de gente maluca e sem líder (porque, aparentemente, a líder não se diz líder porque ali é um troço democrático), e em Insurgente é justamente isso que aprendemos que é mentira.

    A Amizade é uma facção importante, na verdade. É uma facção que mantém os portões fechados. Que não permite a entrada de nada, e nem a saída. Mas permite o quê? E protege a cidade do quê com esses portões?

(eu adoro essas frases de "slogan" de Divergente!!)

    Conhecemos um pouco mais da Franqueza também, sobre o prédio preto e branco, sobre o sistema extremamente honesto deles - que me irritou - e sobre seu soro da verdade. Mas, bem, desde o início o foco não foi a Franqueza, mas sim a grande batalha da Audácia contra a Erudição e sua líder psicopata: Jeanine Matthews.

    Imagino que em Convergente tenhamos o foco na Erudição, já que o simbolo desenhado representa uma onda, representa a água da Erudição (lembram? Audácia: Fogo; Abnegação: Pedras; Franqueza: Vidro; Amizade: Terra; Erudição: Água), e como nos dois últimos livros, a capa teve total relação com a facção mais abordada (em Divergente temos o fogo da Audácia, e neste temos a árvore da Amizade).

    Assim sendo, imagino que importantes segredos serão explorados e mais coisas elucidadas. Eu espero ansiosamente que Convergente mantenha o nível da história, e que também mexa com o lado psicológico do protagonista e dos personagens, porque isso é algo extremamente fascinante (pelo menos pra mim, que queria fazer Psicologia).

    Então, espero que o mundo de Tris ainda seja muito fascinante e ainda me agrade bastante.7

    Até a próxima resenha, e fiquem preparados para o clima de terror puro, porque talvez ela seja de Drácula, o Vampiro dos Vampiros, o Vampiro com V maiúsculo, o terror da noite!

    Ana.

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