15 de agosto de 2015

Jonas Vai Morrer [Edson Athayde]




Faz algum tempo que li esse livro, de fato, mas posso assegurar que a resenha não terá nenhuma falta de 'emoção' ou algum detalhe perdido pelo tempo porque esse livro é simplesmente tão fantástico... que eu não consigo esquecer nenhuma palavra contida nele.

Acho que, primeiro, eu devo dizer que escolhe Jonas Vai Morrer pelo título no site da editora parceira Chiado. Gosto de títulos marcantes, seguidos de capas bonitas e slogans fortes; dessa forma, "Jonas vai morrer" foi um prato cheio para minha escolha 'superficial'.

Além disso, devo dizer que de cara já amei o fato do livro ter as páginas de capítulos pretas. Que coisa sensacional.

"Todas as novelas têm um novelo. Todos os crimes têm o seu repertório de culpas. Autores de folhetins, em específico, e criminosos, em geral, trapaceiam ao revelar sempre o que interessa, um truque para esconder o que importa. A dissimulação é o vento que sopra na vela desta galera, o combustível desta nave. Entre se quiser, acomode-se num canto. A viagem não vai ser tranquila"

Autor: Edson Athayde
Editora: Chiado
Ano: 2014

Nota: 4/5







Devo dizer que me surpreendi muito com o livro. Muito mesmo. O último exemplar que peguei da editora Chiado por "Café Turco" e, admito, o final e o desenrolar de tudo me deixaram um tanto quanto decepcionada e aí... Meio que transferi esse sentimento para o próximo da fila [no caso, Jonas Vai Morrer quando finalmente o escolhi].

Quer dizer. Claro, eu sei que EU vi o título e EU escolhi o livro que absolutamente parecia não ter nada a ver com o último lido, mas o que poderia fazer? Entrei sem muitas expectativas e... me surpreendi de uma forma deliciosa.

Acho que eu nunca li um livro de uma escrita tão... profundamente sombria, instigante e poética.


Capa igualmente ótima!


Em primeiro lugar, essa edição é simplesmente linda. A edição do texto está ótima, todo justificado, e também com as páginas negras evidenciando o começo de cada capítulo. A fonte é ótima, até a grossura da folha [um pouco mais grossa que o normal] é maravilhosa, porque dá uma sensação de aspereza diferente.

Eu gosto de evidenciar esses "detalhes" estéticos sobre o livro porque sei que ele não é só a história. Digo, quando compramos o livro estamos pagando pela história, e pela edição, e pela revisão feita, e pela marca da editora e muitas vezes pelo nome da pessoa. E eu adoro ver um livro com essas caracteristicas estéticas realmente bonitas, porque além de chamar atenção... Bem, não quero ter livros feios na estante, certo?

De qualquer modo.

Adorei a fonte e o texto todo justificado e a narrativa em itálico e as páginas negras. São detalhes sutis [ou nem tanto] que fazem a diferença, sim, e deixam o leitor um pouco mais inclinado a lê-lo.


Além do que... o livro é de Portugal! Eu nunca havia lido nada atual do país, e preciso dizer que achei o máximo passar pelas páginas com 'factos'! Adoro ler livros em suas línguas originais, e ler um livro de Portugal me deixou bastante contente.

Essa é a página em preto. Sempre que iniciamos um capítulo, temos uma página negra com algum dizer bem grande.

Agora sobre o que está me deixando ansiosa: a história e seus personagens e a escrita do autor, porque eu realmente adorei esses três e preciso falar logo sobre cada aspecto.

A escrita é algo diferente, não somente por ser de outro país, mas também por ter toda uma forma poética de ser. É dramática, taciturna, sombria. Deixa o leitor no clima mais perfeito para a história igualmente escura, e meio que 'cobre' o livro todo como se fosse uma névoa. E eu gosto particularmente disso, porque, bem, se a escrita do autor fosse muito informal ou leve para o tipo de história... Acho que o livro não teria tanta 'graça', ou eu não teria gostado tanto.

Na realidade, penso que se a escrita fosse mais leve, provavelmente eu teria achado o livro superficial, já que não teria todo o clima obscuro e sombrio, que acompanha todo o enredo [e essa é uma coisa que não me faz gostar tanto assim de livros mais "leves" e que pretendem tratar de temas pesados. Eu gosto de escrita pesada].

E certamente isso fez toda a diferença para com a história e seus personagens, que são basicamente incríveis.


Tudo começa com um rapaz, Pedro, que está lendo um tipo de diário dque fora deixado em suas mãos. Este Pedro trabalha num manicômio, como enfermeiro, e ajuda muitos pacientes de lá. Apesar de ser o protagonista, o enfermeiro não tem muita história para contar, e nós acabamos entrando com ele no universo do diário.

É como se estivessemos lendo um livro DENTRO de um livro! [acho isso simplesmente sensacional].

E dentro desse diário, acompanhamos a história de Jonas, que... não fazemos ideia de quem seja na vida real. Quem seria Jonas? Onde Jonas está? Jonas vai mesmo morrer? Morrer do quê?

E acho que isso que começou a me empolgar desde o começo porque, assim como eu, Pedro - o protagonista - também estava muito curioso sobre a história de Jonas e sobre o tal caderno; pesquisando durante todo o livro, lendo mais e mais trechos... Se aventurando nas palavras do caderno misterioso do manicômio até que nós, e Pedro, descobrimos toda a verdade.


Claro, não quero dar spoiler a ninguém, mas eu realmente preciso dizer que esse livro tem um final sensacional e que EU gostei. E casado com o enredo tão interessante... Acho que esse livro foi simplesmente um dos melhores da Chiado que já li até agora!

Acompanhamos Pedro durante toda a narrativa de uma forma tão sombria... Sempre 'acima' da névoa que é a escrita de Edson, olhando para a história do real protagonista e ao mesmo tempo para a história de Jonas, o protagonista do diário/caderno. E eu acho isso simmplesmente fantástico, porque não são todos os livros que conseguem fazer isso dar certo - normalmente, a segunda história é muito pobre, ou algo assim - e eu lembro de só ver isso com sucesso em Watchmen [aquele pirata...].

Eu gostei muito mesmo da história, e eu recomendo a todos que estiverem lendo esta resenha porque o livro é muito bem escrito, muito bem planejado! Os personagens não são exatamente cativantes; na realidade, não existem muitos personagens - temos os da primeira história, que não chegam a cinco, e da segunda história... que certamente não chega a cinco também - e eles são muito bem escritos. São personagens comuns, pessoas normais, e que acabam cativando o público pela angústia que sofrem ou pela morbidez da vida.

Acho que Pedro seria o personagem mais comum e superficial do livro, apesar de ser o protagonista, o que é bem interessante, já que essa personalidade dele mais "parada" dialoga de forma perfeita com a personalidade de Jonas, que é o "alvo" da seguda história - que já tem uma personalidade mais conturbada.

Não é como se fosse um dos livros de Lionel Shriver [que eu considero como tendo os personagens mais psicologicamente bem escritos de todos que já li] ou de Victor Hugo [com os personagens mais humanos, mais reais, mais impossivelmente feitos de papel que eu já vi], mas são personagens próprios... Que se moldam a uma história [de Jonas] dentro da história.


De fato... Jonas Vai Morrer é um dos melhores livros que já li da Chiado até agora e não me arrependo nem um pouco de tê-lo pedido.

Obrigada Chiado, por ter publicado esse livro.

4 de julho de 2015

100 Pensamentos Escritos



Essa é uma resenha diferente de todas as outras pelo fato de ser sobre um livro de poesia, e não um outro livro de narrativa, uma distopia, uma fantasia triste. Além disso, é o primeiro livro de poesia que eu realmente leio [passo por cada poema devagar, saboreando cada letra... Sentindo, ou tentando sentir, o que a autora passou pro papel] e o primeiro que irei resenhar - por isso, já aviso: não estou especialista em poesia -q

Acho que alguns já viram no facebook do BeeGeek um post sobre a Bia Villela; 14 anos e este é seu primeiro livro! Que sensacional! Admito que meu sonho de consumo, aos 13 anos, era publicar um livro aos 14 [mas eu não tinha livro ou ideias, então... Seria difícil. Risos] e essa mocinha conseguiu! Eu acho isso fantástico. Uma pessoa tão jovem [pra mim, é] já ter publicado algo e, ainda por cima, algo de qualidade.

Ao pegar no livro pela primeira vez [ou, ao abrir o arquivo, no meu caso hehe], talvez algumas pessoas fiquem receosas. "Mas ela só tem 14 anos... Deve ser infantil...". E isso é impressionante: não o fato dela ter 14 anos e já ter publicado; mas o fato dela ter 14 anos e ter escrito algo tão... grande. Profundo, como um oceano infinito.

Vamos à resenha, porque eu estou ansiosa para dizer o que achei! E para ficar mais justo, eu digo: não curto todo tipo de poesia. Sério. Não consigo me conectar a todas as poesias existentes e, pra eu gostar de poesia... A coisa tem que ser realmente boa.

"Às vezes precisamos abandonar as coisas que amamos, não por nós, mas porque elas precisam ser abandonadas."

"Todos nós lemos poesia, uma metade entende e a outra não. No entanto, viver a poesia é para poucos. Os sentimentos sempre foram complicados e complexos demais para ser entendidos. Neste livro, essa tempestade se transformou em poesia nas mãos de uma garota que, em meio a decepções, amor e tristeza, encontrou um refúgio nas palavras" - Bia Villela

Autora: Bia Villela
Editora: Chiado.
Ano: 2015 [3 dias atrás! :D]
Idade da autora: 14 [omg] -q mentira, essa categoria não existe HUEUHE

E aí, aconteceu de eu esbarrar, de repente, nessa mocinha com seu livrinho ainda não publicado. Um amigo nosso em comum [cof~ Dêner B. Lopes cof~] me indicou o livro, me mandou o facebook da autora e no mesmo momento, eu comecei a fuçar [stalkear, nos termos técnicos] e achei a incrível página do livro. Nesse momento, eu não tinha acesso à nada; numa uma poesiasinha que seja.

E eu adorei a capa. Que capa linda. Claro, vocês já devem imaginar que eu falaria da capa [PORQUE EU ADORO CAPAS BONITAS, GENTE. COMPRO LIVRO PELA CAPA MESMO, E DAÍ], mas apesar de saber que vocês sabem que eu adoro capas... Eu preciso elogiar esta capa. Sério! Ela é linda! Mesmo sem indicação, sem nada, eu compraria de olhar a capa.

[e porque ela também se chama Ana Beatriz! Que fabuloso :v]

De qualquer modo. Pós-capa, eu finalmente abri o livro, mas não comecei a ler de imediato. Quer dizer, eu não tenho a menor experiência em julgar poesias, em julgar livros DE poesias, então como eu poderia resenhar esse livro? Como eu poderia ser justa? Ignorando essas questões filosóficas, comecei a ler assim mesmo.

Sabe, eu quero dizer logo que: eu adorei o livro. De verdade. Muito mesmo. Eu quero TER na minha estante e eu não me importo em gastar dinheiro comprando [observem como eu adorei. Não gosto de gastar dinheiro -q].

E depois de ler tudo, eu cheguei à conclusão de que o melhor meio pra se julgar uma poesia, um poeta, é se aquelas palavras escritas tocaram o leitor. Se fizeram o leitor refletir, se passaram pelo menos algum sentimento. Pra mim, poesia tem que ser isso [por isso eu normalmente não leio muitas poesias, porque a maioria não me toca :/], e eu sinceramente admito que fiquei com receio de não sentir nada. De passar pelas páginas, terminar o livro, e ficar: "ok... Escreve bem, mas não senti nada! Não me identifiquei porque, afinal de contas, eu nem tenho mais 14 anos... Pff, 20 anos na cara".

Com satisfação, eu digo que eu estava extremamente errada!

Quando você começa a leitura, sente que está segurando um livro. Quando termina, parece que está sentado ao lado da garota; a menina que ama, que fica triste, que passou por poucas e boas... E ao ler... Parece que você conhece a autora, dá uma vontade louca de dar um abraço nela [!!!!!!!], mesmo que você nem faça ideia de quem ela seja ou onde mora ou se gosta mais de azul do que de verde, se o cabelo dela é loiro, castanho ou pintado, se ela tem olhos azuis, se prefere a Marvel ou a DC...

Cada poesia transmite sentimentos genuínos, comuns, de todas as pessoas, e conforme a leitura avança, de poesia em poesia, a pessoa toma forma. A garota surge ao seu lado, aos pouquinhos, a imagem tomando foco... Cada amor passado, cada memória apagada que ela sustenta, cada reflexão sobre a morte... É um pedaço da autora que você ganha.

E eu... Amei.

As poesias são maravilhosas. De verdade. Como a Bia me explicou, não são "finais felizes". Elas são tristes, de uma forma natural. Porque como a autora diz, nós sofremos mais do que somos felizes. Cada uma delas é digna de sua forma, de seu jeito. Claro, há poesias mais "fofas" do que outras [e admito que não me conectei tanto assim a elas], mas as outras... São ótimas!

Quero destacar algumas, por motivos de sim, como: "Sádico" [GENIAL!], "Solidão", "Talvez Seja Isso", "Ultimamente", "Um Porre de Poesia e Amor", "Morte", "Um Céu Com Estrelas", "A Tristeza do Mundo", "Choro", "Quando Eu Me For" [toma um abracinho :3 ], "Ainda Te Amo", "Nada É Para Sempre"... Eu queria poder destacar e falar particularmente de cada uma delas, e especialmente das outras que eu também destaquei [porque eu destaquei várias! Foram 31 destacadas, no final. Perfeitas; Ao final do texto, colocarei todos os títulos dessas poesias, pra vocês procurarem também :D].

É que cada uma delas me tocou de várias formas diferentes. Eu sentia o mesmo que a Bia... Ou eu lembrava de alguma coisa, e às vezes eu até imaginava o que será que ela usou como inspiração... Que música ela estava ouvindo na hora... O que tinha acabado de acontecer... Pelo que ela já passou, tendo somente 14 anos e tantas palavras lindas explodindo dentro dela, como fogos de artifício.

Algumas me fizeram lembrar de Under the Water ["Caindo e Desistindo" e "Descuido"] pela sensação que me deixou... Senti como se estivesse afundando... E normalmente eu sinto isso ao escutar a música. E, gente, eu achei incrível uma poesia me deixar da mesma forma que uma música [eu amo música]!

[Também teve uma que me lembrou Daenerys e Drogo, porque "meu Sol, minha Lua". Risos. "Um Céu com Estrelas"].

Se eu pudesse, faria uma melodia para cada poesia, passaria para meu celular e escutaria o dia inteiro! De verdade. É como... uma música da Clarice Falcão; uma letra que parece um poema, e uma melodia ótima! E eu só fiquei assim uma vez, com poesia: Clarice Lispector. De todos os poetas que eu já passei por, a Clarice me conquistou de verdade.

E as poesias da Bia também.

Eu realmente recomendo a leitura; comprem o livro e leiam. Parece uma história feita em poesias: uma garota que ama, e então passa por várias decepções, e tenta amar novamente, e cai, demora a se levantar, reflete sobre si mesma, se decepciona... Ama... Se frustra... E nesse ciclo vicioso, nasce esse livro.

Leiam. Só isso; leiam.

Pra conhecer mais da Bia Villela, vocês podem acessar o facebook dela; ou esperar pelo post de PARCERIA, porque a Bia é nossa mais nova parceira do blog [tem outro, mas é segredo ainda -q].

Pra comprar ou conhecer o livro, vocês acessem o facebook do livro ou site da Chiado.

[Lista dos meus poemas favoritos:
-Mar de Rosas
-Descuido
-Melancolia
-Sádicos
-Solidão
-Caindo e Desistindo
-Lembranças de um Amor
-Se eu Lhe Pedisse
-Ultimamente
-Talvez Seja Isso
-Morte
-Um Porre de Amor
-Um Céu com Estrelas
-No Fim É Isso
-A Tristeza do Mundo
-Choro
-Amor e Atenção Não se Implora
-Quando eu me For
-Olhares Chorosos e Sorrisos Tristes
-Ainda te Amo
-Nada é para Sempre
-Palavras e Sentimentos Cruzados
-Loucura dos Desconhecidos
-Incerteza do Amor Poeta
-Ponto de Vista
-Lembranças Nostálgicas
-Morte Súbita da Vida
-Uma Dose de Poesia e Amor
-Viver e Morrer
-Olhares Falecidos
-Ser Apaixonado Não é um Problema
-Transtorno ]

4 de junho de 2015

TRECHO DO PRIMEIRO CAPÍTULO DE MAGNUS CHASE É DIVULGADO!


O trecho foi divulgado ontem, 03/06, e é parte do primeiro capítulo do livro "Magnus Chase e a Espada do Verão" que dará abertura à nova série de mitologia nórdica de Rick Riordan, autor das séries de mitologia grega, romana e egípcia "Percy Jackson & Os Olimpianos", "Herois do Olimpo" e "As Crônicas dos Kane", respectivamente.

Como eu sou uma pessoa realmente muito crítica, escrevi ao final desse trecho uma "mini resenha" sobre ele porque acho que merece.

Magnus Chase terá seu primeiro livro lançado dia 06/10/2015. Este trecho foi traduzido por Percy Jackson BR.

"Um
BOM DIA! VOCÊ VAI MORRER.



É, EU SEI. Vocês vão ler sobre como eu morri em agonia, e vão estar tipo, “Uau! Isso parece legal, Magnus! Eu posso morrer em agonia também?”.

Não, apenas não.

Não saia pulando de nenhum telhado. Não saia correndo por uma autoestrada ou coloque fogo em si mesmo. Não funciona desse jeito. Você não vai acabar aonde eu acabei.

Além do mais, você não iria querer lidar com a minha situação. A não ser que tenha alguma vontade maluca de ver guerreiros mortos se fazendo em pedaços, espadas voando para cima de narizes gigantes e elfos sombrios com roupas irritantes, você não deveria sequer pensar em encontrar os portões com cabeça de lobo.

Meu nome é Magnus Chase. Eu tenho dezesseis anos. Essa é a história de como minha vida foi a ladeira abaixo depois de eu ter me matado.

Meu dia começou tranquilo até demais. Eu estava dormindo na calçada debaixo da ponte no Public Garden quando um cara me acordou com um chute e disse, “Eles estão atrás de você”.

A propósito, eu sou um sem-teto há dois anos.

Alguns de vocês talvez pensem, Ah, que triste. Outros talvez pensem Ha, ha, otário! Mas se alguns de vocês já me viram na rua, há noventa e nove por cento de chance de terem passado por mim como se eu fosse invisível. Talvez tivessem pensado, Tomara que ele não venha me pedir dinheiro. Teriam imaginado se sou mais velho do que aparento, porque certamente um adolescente não estaria envolvido em um fedido saco de dormir, preso no meio do inverno de Boston. Alguém deveria ajudar aquele pobre garoto!

E então continuariam andando.

Que seja. Eu não preciso da sua compaixão. Estou acostumado a ser ridicularizado. Eu definitivamente estou acostumado a ser ignorado. Vamos seguir em frente.

O ordinário que me acordou foi um cara chamado Blitz. Como sempre, ele olhou para mim como se tivesse passado por um tornado de sujeira. Seu cabelo negro estava cheio de pedaços de papel e galhos. Sua barba ondulava para todas as direções. Havia neve encrostada na parte anterior da sua capa de chuva, que encostava nos seus pés – Blitz tinha um pouco mais de um metro e meio – e seus olhos estavam tão dilatados que suas íris eram pupilas. A sua incessável expressão de alarmado fazia parecer que ele poderia começar a gritar a qualquer segundo.

Eu pisquei até a lama sair dos meus olhos. Minha boca fedia a hambúrguer estragado. Meu saco de dormir estava quente, e eu realmente não queria sair dele.

“Quem está atrás de mim?”

“Não tenho certeza.” Blitz esfregou o nariz, que já tinha sido quebrado tantas vezes que se assemelhava ao ziguezague de um raio. “Eles estão distribuindo panfletos com seu nome e foto.”

Eu xinguei. Com guardas de parque e policiais eu poderia lidar. Monitores, voluntários de serviço comunitário, estudantes de faculdade bêbados, viciados fazendo rolar alguém pequeno e fraco – acordar com todos esses seria tão maravilhoso quanto panquecas com suco de laranja.

Mas quando alguém sabia meu nome e rosto – isso era ruim. Isso significava que estavam focando especificamente em mim. Talvez os caras do abrigo estivessem chateados comigo por ter quebrado o som deles. (Aquelas canções de natal estavam me deixando maluco.) Talvez uma câmera de segurança tenha pegado um pedaço da batida de carteira que fiz no Theater District. (Ei, eu precisava de dinheiro pra pizza.) Ou talvez, tão improvável quanto parece, a polícia ainda estaria procurando por mim, querendo fazer perguntas sobre o assassinato da minha mãe…

Eu empacotei minhas coisas, o que levou três segundos. O saco de dormir ficou bem enrolado e coube na minha mochila, junto com minha escova de dente, meias e roupas de baixo. Exceto pelas roupas nas minhas costas, era tudo o que eu tinha. Com a mochila no ombro e o capuz do casaco, eu pude me misturar muito bem pelos pedestres. Boston era cheia de alunos da faculdade. Alguns deles pareciam serem mais jovens e magricelas do que eu.

Eu me dirigi ao Blitz. “Onde você viu essas pessoas com folhetos?”

“Beacon Street. Eles estão vindo nessa direção. Um cara de meia-idade branco e uma adolescente, provavelmente sua filha.”

Eu franzi o cenho. “Isso não faz sentido. Quem–”

“Eu não sei, garoto, mas preciso ir.” Blitz semicerrou o pôr-do-sol, que deixou as janelas dos arranha-céus laranja. Por razões que eu nunca entendi, Blitz odiava a luz do dia. Talvez ele seja o menor sem-teto vampiro robusto no mundo. “Você deveria ir ver o Hearth. Ele está no Copley Square.”

Eu tentei não me sentir irritado. As pessoas da rua faziam piada dizendo que Hearth e Blitz eram meus pais, porque sempre um deles parecia estar pairando sobre ao meu redor.

“Eu agradeço,” eu disse. “Vou ficar bem.”

Blitz mordeu a unha do polegar. “Sei lá, garoto. Hoje não. Você precisa estar extremamente cauteloso.”

“Por quê?”

Ele olhou por cima do meu ombro. “Eles tão vindo.”

Eu não vi ninguém. Quando me virei, Blitz tinha sumido.

Eu odiei quando ele fez isso. Simplesmente – poof. O cara era como um ninja. Um ninja sem-teto vampiro.

Agora eu tinha uma opção: ir para o Copley Square e me encontrar com Hearth ou virar a esquina da Beacon Street e tentar identificar as pessoas que estavam atrás de mim.

A descrição que Blitz fez deles me deixou curioso. Um homem branco de meia-idade e uma adolescente procurando por mim no amanhecer em uma manhã gelada. Por quê? Quem eram eles?

Arrastei-me ao longo da beira da lagoa. Quase ninguém seguia a trilha debaixo da ponte. Eu poderia me esconder e observar qualquer aproximação na trilha de cima sem que me vissem.

A neve cobriu o chão. O céu estava um azul de doer os olhos. Os galhos nus das árvores pareciam que haviam sido mergulhados em vidro. O vento me cortava pelas camadas de roupas, mas eu não me importei com o frio. Minha mãe costumava fazer piadas de que eu era um urso polar.

Droga, Magnus! Repreendi a mim mesmo.

Depois de dois anos, minhas memórias sobre ela ainda eram um campo minado. Tropecei em uma e instantaneamente minha compostura foi reduzida a pedaços.

Tentei me focar. O homem e a garota estavam vindo por aquele caminho. O cabelo arenoso do homem cresceu até seu colarinho – não como um estilo intencional, mas como se ele não se incomodasse em cortá-lo. Seu rosto perplexo me lembrou a de um professor substituto. Sei que eu fui atingindo por um bolo de cuspe, mas não tenho ideia de onde veio. Seus sapatos estavam totalmente em desacordo com o clima invernal de Boston. Suas meias eram de tons diferentes de marrom. Sua gravata parecia que fora amarrada enquanto ele girava no escuro total.

A garota era definitivamente filha dele. Seu cabelo era cheio e ondulado, embora de um loiro luminoso. Ela estava vestida de forma mais sensata em botas de neve, jeans e uma jaqueta, com uma camiseta laranja a mostra na região do decote. Sua expressão era mais determinada, raivosa. Ela agarrou um maço de folhetos como se eles fossem dissertações em que ela foi avaliada injustamente.

Se ela estava procurando por mim, não queria ser encontrado. Ela era assustadora.

Não a reconheci ou o pai dela, mas alguma coisa fisgou na parte de trás do meu cérebro… Como um imã tentando atrair uma memória muito antiga.

Pai e filha pararam onde o caminho bifurcava. Olharam ao redor como se apenas agora percebessem que estavam parados no meio de um parque deserto em uma hora desagradável na calada do inverno.

– Inacreditável. – disse a garota. – Eu quero estrangular ele.

Supondo que ela falava de mim, me agachei um pouco mais.

Seu pai suspirou.

– Nós provavelmente devíamos evitar matá-lo. Ele é seu tio.

– Mas dois anos?! – a menina perguntou. – Pai, como ele pode não nos contar por dois anos?!

– Não posso explicar as ações de Randolph. Nunca pude, Annabeth.

Eu inspirei fundo, estava com medo de que me ouvissem. Uma cicatriz fora aberta em meu cérebro, expondo memórias cruas de quando eu tinha seis anos.

Annabeth. O que dizia que o cara de cabelos cor de areia era… Tio Frederick?

Lembrei-me do último dia de ação de graças que estávamos juntos: Annabeth e eu nos escondendo na biblioteca da casa do tio Randolph na cidade, jogando dominó enquanto os adultos gritavam uns com os outros lá embaixo.
Você tem sorte de viver com sua mãe. Annabeth empilhou outro dominó em seu edifício de miniatura. Era fantástico, com colunas na frente, como um templo. Eu vou fugir.

Não tinha dúvidas que ela queria dizer isso mesmo. Eu admirava seu segredo.

Então tio Frederick apareceu na porta. Seus punhos estavam cerrados. Sua expressão sombria estava em desacordo com a rena sorridente no seu suéter. Annabeth, estamos saindo.

Annabeth olhou para mim. Seus olhos cinza estavam um pouco ferozes para uma aluna da primeira série. Fique bem, Magnus.

Com um movimento de dedos, ela derrubou o seu templo de dominó.

Essa foi a última vez que eu a vira.

Desde então, minha mãe tinha sido inflexível. Ficaremos longe dos seus tios. Principalmente Randolph. Não darei o que ele quer. Nunca.

Ela não explicaria o que Randolph queria, ou o que Frederick e Randolph falaram.

Você tem que acreditar em mim, Magnus. Ficar com eles por perto… É perigoso demais.

Eu confiei em minha mãe. Mesmo após a sua morte, eu não tive contato algum com meus parentes.

Agora, de repente, eles estão me procurando.

Randolph vivia na cidade, mas até onde sei Frederick e Annabeth ainda viviam na Virgínia. No entanto, eles estavam aqui, distribuindo panfletos com meu nome e foto. Onde eles conseguiram uma foto minha?!

Minha cabeça zumbia tanto que perdi uma parte da conversa deles.

-… Encontrar Magnus. – Tio Frederick estava dizendo. Ele checou seu smartphone. – Randolph está no abrigo da cidade na South End. Ele disse que não teve sorte. Devíamos tentar o abrigo de jovens em frente ao parque

– Como eles sabem que Magnus está vivo, ao menos? – Annabeth perguntou infeliz. – Perdido por dois anos? Ele poderia muito bem estar congelado numa vala em algum lugar.

Parte de mim queria sair do meu esconderijo e gritar “TA-DÃ!”.

Ainda assim, mesmo havendo dez anos que vi Annabeth, eu não gostava de vê-la aflita. Mas depois de tanto tempo nas ruas, aprendi da maneira mais difícil: nunca se meta em uma situação enquanto não entender o que está acontecendo.
– Randolph tem razão – disse o Tio Frederick. – Magnus está vivo. Ele está em algum lugar de Boston. Se a vida dele está seriamente em apuros…

Eles partiram em direção a Charles Street, suas vozes carregadas pelo vento.

Eu estava arrepiado, mas não era do frio. Quis correr atrás de Frederick, enfrentar ele e perguntar o que estava acontecendo. Como Randolph sabia que eu ainda estava na cidade? Por que eles estavam procurando por mim? Como minha vida estava em perigo agora mais do que qualquer dia?

Mas não os segui.

Lembrei a última coisa que minha mãe me disse. Estava relutante em usar a escada de incêndio, relutante em deixá-la, mas ela segurou meus braços e me fez olhar em seus olhos. Magnus, corra! Esconda-se. Não acredite em ninguém. Vou te encontrar. Não importa o que você faça, não vá atrás de Randolph por ajuda.

Então, antes de eu sair pela janela, a porta do apartamento estourara em lascas. Dois pares de olhos azuis brilhantes emergiram da escuridão.

Abandonei a memória e observei tio Frederick e Annabeth irem embora, tornando-se parte da população.
Tio Randolph… Por alguma razão, ele entrou em contato com Frederick e Annabeth. Ele os levara para Boston. Todo esse tempo, Frederick e Annabeth não sabiam que minha mãe estava morta e eu, desaparecido. Parecia impossível, mas se fosse verdade, por que Randolph contaria para eles só agora?

Sem confrontar ele diretamente, eu só poderia pensar em um único jeito de conseguir respostas. A casa dele era na Back Bay, uma caminhada tranquila a partir daqui. Ele estava em algum lugar em South End, procurando por mim.
Uma vez que nada começaria um dia melhor do que uma pequena invasão, decidi fazer uma visitinha a ele."

Muito bem. Sendo muito, muito sincera a minha única opinião para esse livro é: espero que ele esteja bem melhor do que esse trecho, caso contrário, será mais uma série "igual" a Percy Jackson. Quer dizer, mesmo começo de "não queira fazer isso. É ruim. É não sei o quê... Mas eu fiz. E essa é minha história", mesmo garoto com uma história meio bosta e mesmo estilo de "minha família misteriosa, com muitas tretas e que tem algum parente muito duvidoso e obscuro que, provavelmente, vai me levar ao meu destino/história/saga".

Fim.

E, por favor fãs do Rick Riordan, sejam honestos consigo mesmos. Esse trecho está realmente repetitivo. Eu consigo adaptá-lo FACILMENTE a Percy Jackson e até às Crônicas dos Kane - que até tem um certo diferencial.

Enfim. Espero que o livro, num geral, tenha um diferencial porque senão... Uma saga sem sentido, com mais mitos e deuses modificados para se adaptarem ao enredo e... Só. 

Será que Magnus Chase REALMENTE terá algum diferencial? Será que a série vai vingar de verdade... ou será só mais um meio dos antigos fãs matarem as "saudades" dos personagens de Percy Jackson?

1 de junho de 2015

Rainha da Primavera [Karen Soarele]



Essa resenha é sobre o livro extra do universo das Crônicas de Myriade, da autora parceira Karen Soarele. Eu preciso admitir que esperei receber o primeiro livro da série, mas que agora vejo ter sido realmente muito mais interessante ler este aqui.

Aliás, uma coisa que eu achei divertida - pelo menos para mim - é que lembro quando a Karen estava ainda escolhendo as cores para essa capa! Lembro de ter lido sobre a coisa da cor vermelha e tudo mais; achei engraçado estar lendo justamente esse livro, enfim.

Indo direto ao ponto, vamos falar sobre esse livro tão pequeno, mas tão surpreendente em alguns pontos!

"Quando os estandartes inimigos se aproximam, apenas a magia do escolhido é poderosa o suficiente para proteger o reino de Hynneldor. Contudo, a princesa herdeira desapareceu há muitos anos, e aqueles que ousaram procurá-la jamais retornaram.

Mas a esperançaé uma arma poderosa, e a descoberta de uma jovem na misteriosa Ilha de Ashteria pode mudar o destino de todos"

Karen Soarele.
2014
2ª edição.
Editora Cubo Mágico.

Então. Eu tenho mesmo que confessar que não tinha grandes expectativas com o livro. Não pela série, ou enfim, o que eu provavelmente imagino dela, mas sim por ser um "livro extra" e ser tão pequeno. Ok, claro, tamanho não é documento e existem vários livros extras maravilhosos, só que eu não pude evitar. Fazer o quê?

Achei que o livro seria legal e fim. Nada além disso. Imaginei que eu iria gostar, mas já tinha mais ou menos uma ideia pré-formulada dos personagens, do enredo no geral... Enfim.



Não conheço a história da Crônicas de Myriade, e não procurei nada sobre a série justamente para descobrir tudo, conhecer tudo na minha primeira leitura. Dessa forma, posso só achar que esse livro se passa em um dado momento anterior ao das Crônicas - talvez porque alguns livros extras que já li são todos anteriores à história principal e, enfim, acabei usando esses como base? - e que a Rainha da Primavera e Dimitri apareçam - ou não - nas Crônicas como personagens mais velhos ou sejam somente mencionados.

O que seria realmente legal, falando nisso. Gosto desse tipo de coisa - apesar de ter me irritado um pouco em Nárnia, -q.

O livro fala sobre a princesa que vive em uma Ilha misteriosa, que não possui uma "conexão normal" com o continente ou com o mundo exterior - segundo a história, só é possível chegar a ela a cada década e com muita sorte - e sobre o fato dela ser princesa de Hynneldor; sendo procurada por Dimitri e Nathair, respectivamente um guerreiro e um velhinho 'inútil'.

Acho que a primeira coisa que me chamou atenção foi a mancha de sangue nas mãos de Dimitri [e o personagem ter esse nome. Eu tenho um amigo chamado Dimitri, -q], porque não costumo ver esse tipo de coisa em livros juvenis - a categoria que, de cara, imaginei que fosse a de Crônicas de Myriade/livros extras, como um todo. Então, um livro voltado para jovens, talvez pré-adolescentes, com manchas de sangue e personagens meio mal encarados? Ok, posso lidar com isso.

A partir do momento que os dois levam a princesa Flora embora da Ilha misteriosa, temos o começo de nossa história fantástica e cheia de detalhes intrigantes e surpreendentes. O primeiro, e talvez mais importante e que mais me intrigou/chocou, foram as mortes: muitas mortes, e mortes bem descritas, cruas e, mais importante ainda, lógicas e frias.

Não falo de uma morte por "caiu e quebrou o pescoço sem querer", mas sim de "cortou fora a cabeça do maluco com a espada".

Esse tipo de coisa eu não vejo em livros juvenis.

Gostei mesmo das cenas de luta, de fuga, de mortes. Achei que ficaram bem construídas, de verdade, e que foram muito lógicas e frias. Sem arrependimentos por parte dos personagens - o que me agradou também. Odeio personagem que mata e fica de 'palhaçada' depois, se arrependendo... Ugh. Apesar de ser da personalidade do personagem, eu pego implicância - e com detalhes muito honestos.

Ganhou muitos, muitos pontos comigo nessas cenas.



Aliás, outra coisa que me agradou bastante foi o personagem Dimitri. Ele é forte, e parece ter uma história 'maior' e muito justa por trás de toda a coisa da princesa desaparecida, blábláblá. Quer dizer, eu reparo muito em personagens e suas histórias, e de todos os que li em Rainha da Primavera, ele é o mais profundo e interessante. Os outros são meio... Superficiais e previsíveis, assim como 90% dos personagens de histórias fantásticas/histórias no geral, mas isso não me deixou irritada ou decepcionada. Na realidade, eu meio que esperava por algo assim - não especialmente para essa história, mas eu normalmente espero por personagens superficiais em qualquer livro que eu leia [uma tática minha para não me decepcionar! risos].

De qualquer modo, Dimitri é o tipo de personagem que eu gosto: misterioso, profundo e com um passado inteiramente duvidoso. Não gosto de personagens muito... certinhos ou completamente ruins. Acho que, assim como as pessoas reais, os personagens são um misto dessas duas características - sempre com um bom motivo por trás de suas personalidades.

A princesa Flora, por exemplo, me pareceu completamente superficial; uma princesa legal, que agora precisa aprender a conviver com seu novo mundo/destino/vida e aos poucos aprende a entender o cara legal - no caso, o Dimitri - podendo, ou não, fazer algumas besteiras pelo caminho. É. Apesar disso, não desgostei dela.

Ainda sobre os personagens, eu reparei que não são muitos - o que é muito justo, para um livro pequeno - e que no geral são figurantes ou secundários. Bem normal, nada demais.

Mas outra coisa importante que me chamou atenção foi o clima "Game of Thrones" do livro. Sério. Parecia que eu estava em uma versão brasileira da série, pelas estalagens, o clima da história e as armas também.



Eu já havia notado a semelhança Game of Thrones/Myriade quando vi a capa dos outros livros da série, e até do outro livro extra [a personagem me lembrou demais a Daenerys Targaryen, uma personagem famosa da série americana] mas imaginei que fosse somente 'coisa da minha cabeça'. De qualquer modo, isso me deixou ainda mais interessada, porque quero ver se é realmente uma semelhança entre as séries e onde isso vai dar. Apesar das semelhanças pararem por aí; o enredo da série e do livro extra não têm nada a ver.

Falando sobre o enredo, digo que o achei bem aceitável e satisfatório. As "reviravoltas" da história não foram tão surpreendentes - admito que, depois de ler tantos e tantos livros de fantasia, de tantos autores diferentes, eu meio que me acostumei a encontrar as pistas dos 'mistérios' do livro ao longo da história - apesar de terem levado a consequências interessantes, e o final foi bem normal. Quer dizer, sem nada muito surpreendente, ou eventos terrivelmente chocantes [como personagens principais pegando fogo, explodindo, sendo decepados...]. Na realidade, eu esperava algo do gênero.

Acho que nesse caso, esse enredo - a história, em si - tenha agradado muito, muito mais os leitores da série Myriade do que a pessoas, como eu, que começaram justamente por esse livro. Bem, eu não conheço os personagens da série principal, não faço ideia de como o enredo se desenrola e nem mesmo o que esse livro extra tem em comum com a série principal. Então, para mim, foi somente um livro de fantasia legal que provavelmente pode ter elementos mencionados na série. Talvez, se eu já tivesse lido, teria uma reação mais "OMG, TAL PERSONAGEM! TAL HISTÓRIA! OMGOMG".

Quer dizer, um enredo bem normal, com reviravoltas previsíveis [para mim, que estou acostumada a buscar esses pontos nos livros]e um final satisfatório com tudo o que foi apresentado. Não me causou emoções, justamente por eu não ter ligações com a série ainda, apesar de ter me surpreendido MUITO com as mortes frias e bem escritas, bem esclarecidas, que eu realmente não esperava encontrar assim em um livro "juvenil".

Como um todo, eu gostei bastante. Admito que surpreendeu minhas expectativas, porque eu normalmente entro com elas nulas para não ter decepções - apesar de ter entrado com certa curiosidade, depois de ver tantas coisas sobre Myriade em tantos lugares diferentes - e eu gostei bastante de certos personagens, como o Dimitri.

Devo dizer que a "coisa mágica" que se revela no final - evitando dar spoilers, risos - ficou meio... Rápida demais. Sei lá. Em uma hora, a garota não sabe fazer nada e parece que vai morrer logo, e na outra... MAGIA! Entendo a explicação do livro, mas... Não gosto muito dessas coisas assim tão... Rápidas e de repente. Parece que perdi alguma coisa, ou que o livro já estava terminando e precisavam fazer alguma coisa em relação a esse detalhe...

Vai saber.

De qualquer modo, não posso terminar essa resenha sem antes falar sobre a capa, com o vermelho maravilhoso, e das ilustrações do livro. Aliás, um pequeno detalhe que não me passou despercebido: nos capítulos tem sempre um pequeno desenho - o medalhão? - e a fonte do título do capítulo também ficou sensacional! Gostei da fonte do texto também, e do tamanho da letra [grande, mas eu gosto de letras grandes, mesmo em livros gigantescos porque aí não forço a vista -Q].

As ilustrações ficaram bem desenhadas; nem muito realistas e nem muito infantis - um meio termo, digamos assim. Gostei bastante, e achei ÓTIMO estarem todas em preto e branco. Já vi livros com as ilustrações coloridas, e muitas, muitas vezes a cor meio que não fica muito boa, ou então o desenho fica muito melhor em preto e branco do que colorido. Enfim. Gostei dos traços das ilustrações, parabéns ao Hudson Andrade :D



Sinceramente, estou muito curiosa para ler a série principal, Crônicas de Myriade, e muito ansiosa para, finalmente, mergulhar de vez nesse mundo que me parece tão legal! Eu adoro séries de fantasia que não são nem infantis e nem adultas [vulgo, Deltora Quest, essa série linda maravilhosa <3 ] e acho que Myriade vai me agradar MUITO mesmo, pelo que estou sentindo - risos.

Espero começar em breve. Estou verdadeiramente ansiosa e me senti calorosamente recepcionada em meu primeiro mergulho à Myriade.

23 de maio de 2015

Café Turco - Guto Castro



Então, esse livro aqui eu descobri enquanto vasculhava o setor de "livros" [risos] da Chiado Editora, nossa parceira. Eu queria justamente escolher um livro para resenhar que fosse não somente interessante, mas que tivesse também uma capa legal - sim, eu escolho livros pela capa. Então, faça capas legais, senhor autor.

De qualquer modo, Café Turco me chamou atenção por, primeiro, ter uma capa com uma xícara de café e eu adoro cafés. E segundo lugar, o nome ser Café Turco: além de café, eu também acho a cultura oriental [meio a meio, no caso Turco, huehue] bem legal e já tinha lido algumas coisas sobre a Turquia, então fiquei bem curiosa.

Acho que o livro cumpriu o que eu esperava dele; tirando algumas coisas meio... Imperdoáveis. Vamos à resenha, sem mais delongas.

"Na Turquia o café é servido sem ser coado e a borra que no fundo cai, revela mais do que o simples desenho que se forma. Passado, presente e futuro se fundem e colocam Ibrahim e seu irmão numa Turquia que vai muito além das aparências e pontos turísticos. Uma viagem que mudaria para sempre a vida dos dois e sabe-se lá de quem mais...".

Guto Castro.
Chiado Editora.
2015, Abril - 1ª Edição.







Então. Como eu havia dito mais acima, procurava por um livro no catálogo da Chiado Editora para ler e resenhar. Admito que não conheço muito as obras que a editora publica ou, enfim, os autores brasileiros dela [exceto pelo Dener B. Lopes, a Raquel Pagno e outros dois -q]. Dessa forma, tive que fazer o que eu normalmente faço nas livrarias:

Vejo uma capa legal. Leio o título. Se me agradar, abro uma nova guia com as informações do livro e vejo se vale a pena ser lido. Senão, continuo nessa minha seleção até achar um que agrade de verdade.

Eu tenho que dizer que Café Turco me chamou MUITA atenção pela capa [adorei essa xícara gente, sério. Vou até agora na cozinha pegar um cafézinho pra mim -q] e pelo título. Afinal de contas, além de ter café, também tem 'turco' e normalmente o que tem 'turco' é muito interessante - pelo menos pra mim. E eu, coincidentemente, estava ensinando a minha irmã sobre o Império Turco-Otomano. Considerei coisa do destino, pedi o livro e... Digamos que minhas expectativas tenham sido 40% supridas.

[É uma bela capa de café]

Para começar, eu gostei dos personagens. Começamos acompanhando o irmão do Ibrahim, que, aliás, não tem nome. Sério. O cara não tem nome. Durante todas as 205 páginas de história, eu não li uma única vez o nome do dito cujo. Na realidade, parando para pensar, acho que só "comecei" a ler nomes quando o Irmão-do-Ibrahim desembarcou na Turquia. Antes disso, nada de nomes. Isso me deixa um tanto quanto angustiada, porque eu realmente gosto de saber com quem estou lidando e quando o personagem não tem nome eu não crio nenhum vínculo com ele ou, enfim...

Apesar de que não há muitos personagens no livro, e isso é um ponto legal. Gosto de livros com poucos personagens, que são bem aproveitados e utilizados ao longo da trama. De qualquer modo, vamos chamar o Irmão-do-Ibrahim de "Marcelo", porque eu quero e porque ficar escrevendo Irmão-do-Ibrahim cansa e enche o saco.

Logo nas primeiras páginas, nós acompanhamos o Ibrahim e o "Marcelo" se dirigindo ao hotel onde iriam ficar na Turquia. Gostei muito mesmo desse começo e das muitas visitas a pontos turísticos do local, porque ficaram recheados de história e de informações inteligentes e eu simplesmente amo esse tipo de livro [Dan Brown -qq].

O autor mostra de uma forma muito agradável a cultura do local; desde o comportamento dos turcos no período do Ramadã, até as construções, comida, clima... Enfim. Ele soube construir de forma fantástica o clima da Turquia, colocando o leitor em toda a situação como se ele realmente estivesse no país! Eu acho isso fantástico, e adoro quando o autor consegue chegar a esse estado sem entupir o livro de detalhes desnecessários ou, enfim, enrolar infinitamente para dizer o que pretende.



Acho que, infelizmente, essas foram as únicas partes que realmente gostei da história. Quer dizer, tem toda a trama com a mãe do Ibrahim [seria spoiler contar isso aqui. O legal dessa trama é, durante a leitura, descobrir o que há com ela e, enfim, com toda a família do Ibrahim e do "Marcelo"], a coisa das cartas [que eu achei muito tocante], e a própria história das viagens pelo mundo - livros assim sempre me dão uma vontade louca de viajar #chateada - mas... Havia pontos no livro que realmente não deu para ignorar.

Eu vi que o próprio Guto Castro revisou seu livro, e isso fez minha hipótese se tornar uma teoria [pra quem não sabe, teoria não é um troço "hipotético" ¬¬]. Acontece que eu vi MUITAS frases com pontuação errada [virgulas separando sujeito de verbo... Enfim, coisas que, pra mim, são imperdoáveis], muitas frases mal formuladas, palavras desconexas, alguns erros de digitação... Ou seja, o autor não é burro, claro, mas acontece que depois de ler tantas vezes o próprio texto, a gente acaba deixando passar uma coisa ou outra. É normal. Sempre acontece. Só que ao invés de você revisar, sozinho, normalmente manda-se o livro para alguém de confiança, um amigo, um revisor por fora... Qualquer pessoa.

Mas vir com erro não dá.

Essas coisas me deixaram muito, muito irritada com o livro que parecia tão maravilhoso. Eu via aquelas pontuações e ficavam "hm..." ou então lia uma frase muito mal formulada e precisava até reler para tentar entender. E foi aí que pensei: "ele provavelmente não usou o revisor da editora e acabou deixando passar esses erros". Isso é normal, claro, autores são humanos e ficam com sono, cansados ou normalmente deixam passar essas coisas.

Só que não posso deixar de lado essas coisas numa resenha.



Enfim. Além disso tudo, houve... um romance mega clichê. Que droga. Estava tudo indo de forma maravilhosa: os pontos turísticos, a coisa histórica, a viagem... Até que veio o romance clichê como se desse um tapa em mim e dissesse: "estava achando bom?! Agora sofre!".

Eu odeio romance clichê. Odeio. Com todas as minhas forças. Odeio essa coisa de "ai meu Deus, você é tão maravilhosa e eu já estou chorando porque sinto tanto sua falta e fiquei preocupada, sendo que te conheci ontem". Odeio muito mesmo.

Isso, claro, fez com que eu passasse a ler cada vez mais rápido para terminar a coisa toda de uma vez. Preciso admitir que achei a história da Fulana do romance muito interessante, mesmo, e adoraria se o autor tivesse aprofundado em algo do tipo... Mas isso não aconteceu.

Acho que o que salvou a história foi metade do final. A outra metade não gostei. Mas essa metade... Ficou surpreendente - eu não esperava por isso mesmo - e fez todo o sentido. Gostei muito mesmo; todo mérito ao autor!! Apesar do romance clichê.

Fora toda essa coisa de enredo, personagens e tudo mais, queria dizer que adorei as páginas. Muito macias, com letras boas. Enfim.