15 de março de 2014

Quem é Você, Alasca? - John Green



    Então, hoje vamos falar do segundo livro mais famoso desse autor, John Green. Eu e a Camila resenhamos "A Culpa é das Estrelas" como vocês devem se lembrar (link para a minha resenha/ link para a resenha da Camila), e agora eu venho aqui para falar sobre esse livro tão instigante e, talvez, mais interessante que 'ACEDE' (abreviação para A Culpa é das Estrelas).

    De fato, é impossível não comparar um livro ao outro, e eu devo admitir que só li Quem é Você, Alasca? para poder entender e ver se a escrita de John Green era realmente boa, se suas histórias eram mesmo decentes, ou se ele só se baseava no sucesso de ACEDE e tudo mais.

    Antes de mais nada, vamos à sinopse.


"Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o "Grande Talvez". Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao "Grande Talvez"."

Autor: John Green (carinhosamente apelidado por fãs como 'joão verde'. O que me faz lembrar de uma peça que vi, há séculos, chamada "O Menino do Dedo Verde").

Editora: WMF Martins Fontes
Narrador: 1ª Pessoa (Miles "Gordo").
Ano: 2010 (aqui no Brasil) / 2005 (nos EUA).
Minha nota no Skoob: 4/5 (e por umas questões ainda de dúvida, fico pensando se não devo diminuir para 3/5).


    Não sei se alguém sabe, ou se importou em tentar descobrir (ou, como eu, gosta de "cultura inútil"), mas este foi o primeiro romance de John Green. Diferentemente do que eu já ouvi/li por aí, seu primeiro romance publicado NÃO foi A Culpa é das Estrelas, apesar de ele ter levado 10 anos para escrever aquele livro. De qualquer forma, gosto de pensar que Quem É Você, Alasca? foi o primeiro romance do John Green porque isso dá um tom diferente à minha leitura (não sei pra vocês, mas pra mim modificou algumas coisas - especialmente por saber que, em ACEDE, ele ficou milênios aprimorando, trabalhando, concertando, blábláblando o livro e a história).

    Voltando ao que "interessa".

    O livro nos conta sobre a história desinteressante do desinteressante Miles "Gordo" Halter, um garoto nerd e sem amigos que vivia com seus pais e tinha certo fascínio por últimas palavras (ei! Um ponto para John, porque eu achei isso legal) e vivia fissurado para ler as biografias na enorme estante do escritório do pai, somente para descobrir mais últimas palavras. Segundo Miles "Gordo", normalmente é possível conhecer uma pessoa através de suas últimas palavras.

    E a que mais marcou nosso "Gordo" foi a de François Rabelai, que disse: "Eu vou procurar um Grande Talvez", o que o fez mudar para um colégio interno, num lugar quente dos infernos, e conhecer a querida e perturbada Alasca.


(essa aqui é a outra capa de Quem é Você, Alasca?. Particularmente, acho essa mais bonita. Apesar de ser fascinada pelo rosto da pessoa que, supostamente, 'faz' a Alasca)

    O livro é todo contado em primeira pessoa, pelo Miles claro, e de cara conhecemos todo o 'elenco' que irá atuar com o moço durante toda a narrativa da história. Temos Chip, o Coronel, um garoto atarracado que apesar de todas as circunstâncias e descrições, eu não consegui imaginá-lo como ninguém além do Josh Hutcherson (o Peeta, de Jogos Vorazes). Desculpe, John Green, a minha mente é estranha. Também temos o japa com touca de raposa, a Lara estrangeira estranha e... A Alasca!

    De fato, todas as atenções dos leitores estão voltadas pra Alasca - afinal de contas, ela dá nome ao livro! Se fosse "Quem é Você, Chip?", talvez todos estivessem hipercuriosos sobre o Coronel e sua vida de bolsista. Se fosse "Quem são Vocês, Guerreiros de Dia de Semana?", pensaríamos sobre aqueles babacas que fizeram altas coisas durante o livro, o Kevin e seu comparsa. E, talvez, se fosse "Quem é Você, Gordo/Miles?", talvez nós estivessemos interessados em conhecer minimamente o moço.

    Mas, não, quem interessa aqui é a Alasca e ponto.

    A moça é descrita como baixa, sexy e bonita. Inteligente, possui uma estante GIGANTE em seu quarto no colégio interno e gosta de ler poesias e essas coisas. Logo de cara, percebemos que Alasca, ao invés do Gordo certinho, é uma moça extremamente... Bem, ela é bem maluca. É daquelas pessoas que a gente pode definir como "8 ou 80" (quase como a música da Pitty, do álbum Chiaroscuro), e totalmente perturbada. Faz o que der na telha, sem se importar com as consequências e fala o que bem quiser também.

    Claro que teríamos que ter aquele súbito interesse do Gordo (apelido dado a Miles logo no começo, porque ele é fino de magro) pela sexy Alasca e seus belos peitos. Mas, nada que pudesse me fazer deixar de lado a história ou me fazer desejar vomitar meus rins e pâncreas (o que me deu uma vontade enorme de fazer em O Resgate do Tigre, mas falamos sobre isso depois).


(um cosplay da Alasca que eu achei na página de cosplays: Cosplays Literários. Ficou idêntico, não?)

    Acredito que, talvez, as partes mais interessantes do livro tenham sido sobre "o labirinto" e o que acontece depois de um certo... Evento na história. Não pretendo dar spoiler, eu não gosto desse tipo de coisa, e tem muita gente que também não. Então, precisarão ler o livro para saber do que se trata. De qualquer maneira, não é um evento muito 'óbvio', e eu confesso que John Green me deixou muito satisfeita depois disso (para quem já leu, digo somente o seguinte: não gosto de obviedades, e quando eu soube do 'evento', fiquei chocada e surpresa!).

    Depois do tal evento, Green se foca, em algumas partes, na religião. Entretanto, em algumas partes da leitura, parecia que ele ia tocar em um assunto, e, depois, simplesmente mudava e começava a narrar uma coisa totalmente diferente. Como se ele quisesse falar sobre algo, mas "não foi permitido porque o público é de adolescentes, não de adultos". Foi o que me pareceu (e isso me deixa na dúvida se devo tirar, ou não, uma estrela das 4 que dei no skoob. Mas, isso não vem ao caso).

    Mas, deixando de lado esses "poréns", eu até que gostei bastante sobre essa história da pergunta de Alasca ("como saímos desse labirinto, Gordo?"), que ficou martelando na história e em mim mesma durante toda a leitura do livro. As questões filosóficas, metafóricas e religiosas por trás dessa pergunta são muito instigantes, e eu confesso que fiquei muito tempo pensando sobre isso. O que seria o labirinto, de fato? Como saímos dele? Por que entramos nele?

    Várias perguntas foram feitas nas entrelinhas, e, ainda bem, eu consegui ler todas elas.

    Ainda falando sobre os pontos positivos do livro, preciso comentar sobre toda a questão religiosa que envolveu a narrativa, especialmente durante as aulas de religião com o Dr. Hyde, um velho praticamente à beira da morte. Eu gosto de pensar sobre religiões e seus significados, de pensar que, talvez, exista algo e que, ao mesmo tempo, pode não existir nada. Não sou muito religiosa, mas sou estudiosa e curiosa, e pensar sobre todas essas coisas aguça meu interesse e me faz querer estudar todas as religiões no mundo para entender porquê elas existem e foram criadas. Desde o começo.

    Claro que, talvez, John Green não quisesse um debate sobre religião. Ou talvez quisesse, e por isso colocou as aulas lá. Ou, ainda assim, ele quisesse somente dar um panorama para "depois do evento".

   Falando nisso. Os capítulos são todos marcados em " 'n' dias antes" ou " 'n' dias depois", tendo como marco o tal acontecimento que sacode a história toda.


(não li o livro físico, mas sim PDF. Então, estou enchendo vocês de imagens legais sobre Quem é Você, Alasca?. Uma delas é esta que supostamente dá a resposta para a saída do labirinto. A imagem diz: "o único caminho para sair do labirinto de sofrimento é perdoando - John Green; Quem É Você, Alasca?".
Eu não acredito nisso. Quero dizer, há milhões de tipos de labirintos no mundo. Qual seria a resposta para todos eles? Há uma resposta?)

    Não acho que o livro tenha muito a oferecer além disso. Nós podemos ver Gordo em situações normais de alunos de internatos (e de alunos que não são de internatos também), indo fumar, se divertir com os amigos (interessado na Alasca...). É tudo muito comum, e eu não acho que esse livro valha tanto quanto dizem que vale. Falaram a mesma coisa de 'A Culpa é das Estrelas', sobre como era emocionante/lindo/misterioso/reflexivo, mas eu também não achei muito... Digno de um 5 ou do meu favoritismo, por exemplo.

    Acho que o que aprendi sobre o John Green, nesses dois livros, foi que sua escrita é boa sim, ele não se sustenta somente no sucesso de ACEDE e nem mesmo nos fãs fanáticos que engrandecem o ídolo. Em compensação, ele não é o melhor escritor no universo, como 90% dos fãs/leitores dizem por aí, e já vi outros autores com uma escrita tão despojada quanto a de John Green. Ainda sobre ele, acredito que uma coisa que sempre me vem pela cabeça ao pensar em ACEDE e Quem é Você, Alasca? é que a vida não passa de uma roleta russa.

    Às vezes a arma aponta pro outro. Às vezes, ela estoura a sua cabeça. E a vida não conhece a palavra piedade. Pode ser cruel, mas ninguém nunca disse que a verdade é doce como um pêssego.


    Para os fãs de Quem é Você, Alasca? e para o povo que está ansioso com o filme de ACEDE, que irá lançar em... Junho?, enfim, que vai lançar um dia desses, houve boatos de que Quem é Você, Alasca? viraria filme também. Os direitos foram adquiridos pela Paramount Pictures, famosa por séries de cinema como "A Família Addams" (meu favorito <3 ), Transformers e O Poderoso Chefão - além do Universo Marvel, com todos os "Iron Man".

    Entretanto, o direito foi comprado em 2005 (!!!!!), e apesar do roteiro ter sido combinado para ser escrito pelo Josh Schwartz (roteirista de séries como Gossip Girls), a Paramount não tem interesse pela filmagem e nada disso, e fica adiando indefinidamente a produção do filme.

(enquanto isso, os fãs de Quem É Você, Alasca? esperam pelo lançamento do filme).

    Espero que tenham gostado da resenha, e que leiam o livro, porque ele trás algumas questões interessantes. Podem obter informações de outras resenhas através do skoob do livro, ou no site do próprio John Green.

    E não se esqueçam de seguir o blog no Instagram (@livrosemtdparte) e no facebook ;D

     Até breve,

    Ana

4 comentários :

  1. Ainda não li "Quem é você Alasca?", mas com certeza estará na minha lista de leitura para esse ano. E realmente um ponto no qual gosto dos livros do Green é que ele coloca fatos comuns do dia a dia das pessoas (adolescentes, como queira) nos seus livros.
    Abraços

    estantejovem.blogspot.com.br

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  2. Oi, Paulo! Realmente, esse é um ponto bem comum nos livros do Green. Mas eu prefiro sua capacidade de nós mostrar que a vida é frágil.

    Até, e obrigada por comentar :D

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  3. Estou doida para ler esse livro, ele parece ser muito bom, eu só não comprei ainda porque quero o da capa preta, mas só acho o que tem a capa com a menina.
    orefugioliterario.blogspot.com

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    1. É, pois é! Mas eu ainda consigo achar em algumas lojas da Saraiva Mega Store. Normalmente as Mega Store têm as duas versões de capas!

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