Pois é, pois é. Eu havia anunciado há algum tempo que iria fazer um "O Que Eu Andei Lendo" de férias, com alguns livros antigos e outros que caíram no gosto do povo por conta de certos filmes (como "Confissões de Adolescente", por exemplo).
Algum tempo se passou e agora começarei a postar as resenhas sobre cada dupla de livros. A primeira, como eu acho que havia dito, é "Tudo Ao Mesmo Tempo Agora" e "O Esqueleto das Amazonas". E eu acho que quem gosta de uma história simples e cativante ou de uma mitológica deveria ficar para ler este post!
"O livro conta a história de um menino chamado Jajá, filho de um porteiro e uma atendente de caixa de supermercado. Ele é de família humilde mas estuda em um colégio de classe alta graças a uma bolsa de estudos.
Jajá enfrenta vários problemas na escola relacionados com preconceito. Ele é um ótimo aluno com notas altas e não gosta de injustiças. Por esse motivo, ele ganhou o apelido de Jajá, o justiceiro. O garoto enfrenta ainda outros problemas como a necessidade de abandonar sua escola para vir ajudar no sustento da família.
Jajá é apaixonado por surfe e têm uma pequena oficina improvisada de conserto de pranchas de surfe na garagem do prédio onde mora. Com o dinheiro que ganha, compra equipamentos para surfar.A vida de um menino pobre que convive com pessoas ricas no seu dia-a-dia. Durante todo um ano, uma turma de amigos enfrenta questões inesperadas com valentia."
Editora: Ática.
Ano: 1997
Esse é um daqueles livros que te deixam surpresos, meio chocados com o fato de ter uma escrita fácil, leve e rápida e abordar temas tão absurdamente interessantes quanto a injustiça e como a 'justiça' não tem somente um lado, mas sim diversas faces.
De fato eu preciso dizer que, no começo, não achava que o livro fosse me surpreender tanto assim ou que ele sequer fosse tão legal ou interessante, mas no final da leitura me vi obrigada a dar pelo menos 4 estrelas para o exemplar. Afinal de contas, Ana Maria Machado consegue nos transportar para um Rio de Janeiro de alguns anos atrás, cuja situação política e social era, acreditem, muito parecida com a nossa.
Ao ler sobre a injustiça de Jajá não poder terminar o segundo grau (que, eu acho, é o nosso Ensino Médio atual) - porque seu pai quer que ele saia da escola para trabalhar - e sobre a situação das escolas públicas, o descaso dos políticos para com a educação, e até mesmo a pequena "greve de estudantes", eu me senti muito próxima à nossa realidade. É interessante, e levemente triste, observar como as situações de 1997 e 2014 são TÃO parecidas!
O que me faz pensar que o terceiro livro de Os Miseráveis - Marius - me deu uma sensação realmente muito parecida. Na realidade, enquanto lia Marius, eu não conseguia pensar em outra coisa que não as revoluções, e a guerra nas ruas em busca de uma nova realidade, uma nova cara para o país. Isso foi muito legal. Eu, particularmente, amo essa conexão entre livros e a realidade.
Voltando ao livro, rs, eu devo dizer que não conseguiria imaginar um enredo ou cenário mais encantadores do que o Rio de Janeiro, minha cidade Maravilhosa, com o Sol forte, as praias, o mar, e toda a história de surfe e férias de verão - porque, durante um período da história, acompanhamos os personagens de férias! - e devo dizer que os próprios personagens contribuíram muito para esse sentimento. São personagens simples, comuns e bem construídos, de fato, e que nos fazem mergulhar na história de cabeça. Eles narram a história de maneiras diferentes, sempre em 3ª pessoa.
Sim, não tem nada muito complexo, mas acho que isso me deixou encantada na história. Coisas comuns, uma situação do dia-a-dia, o esforço de um menino pobre, a vida de verdade. Gosto disso.
Tudo Ao Mesmo Tempo Agora, da Ana Maria Machada, é um livro surpreendente e eu acho que deveria ser lido por muitas pessoas. Com certeza todos irão adorar a escrita fácil e rápida, divertida, a história simples e gostosa de ler, com todo esse clima de férias, justiça e Sol!
"´Povos da floresta´ - a expressão que faz lembrar os velhos álbuns do Fantasma Voador está agora em uso corrente depois que a Amazônia passou a ser tema prioritário no rol das grandes e nervosas preocupações internacionais. Mas são exatamente os povos da floresta amazônica reais ou lendários, o assunto deste livro. O cenário grandioso, os costumes, as lendas, os mistérios. E é esse elemento mitológico o apelo mais forte, a sedução, o fascínio dessa região tão pouco conhecida tanto para o resto do mundo como para nós mesmos."
Editora: José Olympio
Ano: 1991
Acho que quem gosta de mitologia grega deve ficar atento a esse livro, porque nele vamos caçar pelas terras brasileiras vestígios das antigas Amazonas, as mulheres gregas que não viviam com os homens, lideradas pela Hipólita, filha de Ares, cujo cinturão foi roubado por Hércules em um dos seus doze trabalhos.
O livro é BEM pequeno, pelo que me lembro não passa nem de 100 páginas, e já começamos com a intriga formada: o tal cientista pensa ter encontrado vestígios de ossos do que poderiam ser as antigas Amazonas, com toda a sua 'certeza' baseada em alguns fatores, como alguns ossos modificados por conta do uso constante do arco, o quadril indicando que os fósseis são de mulheres, e alguma coisa que indicava a falta do seio esquerdo (na lenda, dizia que as Amazonas decepavam o seio esquerdo para poderem atirar melhor com o arco. O que até faz sentido). Para encontrar o local onde as Amazonas poderiam ter vivido, o cientista contrata o Gavião, um homem aventureiro que está sempre disposto a ajudar.
A escrita do Assis Brasil é bem rápida e fácil, e há uma imagem nova a cada capitulo. O que, particularmente, eu até acho interessante para ilustrar o que pode acontecer (um livro que é assim é Vida Encantada, primeiro livro de Os Mundos de Crestomanci. Alguém já ouviu falar?).
Infelizmente, eu devo avisar de cara que a história só é interessante por conta de toda essa temática grega. O enredo, em si, é meio decepcionante e as citações bíblicas me irritavam profundamente (não gosto desse tipo de coisa. Fale sobre qualquer coisa, menos religião no meio de uma história fictícia. Obrigada, de nada), e me deixavam ansiosa para o suposto encontro com as Amazonas!
Confesso que criei muita expectativa (ora essa, temática grega há séculos atrás! Toma essa Rick Riordan, você com certeza não foi o pioneiro. Antes de você, bem antes, já tinha um brasileiro escrevendo sobre isso), e acabei me decepcionando, E MUITO, com o final. Esperava algo mais... Instigante, talvez mais fantasioso. Ok, Assis Brasil acertou bastante no final, foi bem lógico e condizente com o livro e a situação real, mas, ainda assim...
De qualquer forma. O livro vale à pena ser lido, porque ele é bem inspirador (eu, particularmente, fiquei muito tentada a escrever algo do tipo. Não sei, uma fanfic talvez. Seria bem legal), e eu gosto dessa temática de paleontologia/mitologia.
Muito bem. Espero que tenham gostado desse breve "O que eu andei lendo", sobre esses dois livros que são, respectivamente, muito interessante e reflexivo e de muitas expectativas, mas pouca realização. Acredito que devam ser lidos, porque toda leitura vale à pena, sempre tem algo bom ou produtivo a ser tirado de algum livro.
Voltarei em breve para o próximo O Que Eu Andei Lendo, sobre dois livros que deveriam fazer o maior sucesso! "O Relógio & Mumu" e "A Gata do Rio Nilo". Dois livros nem um pouco decepcionante, com histórias maravilhosas e surpreendentes!
Nos vemos em breve,
Ana :D
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