18 de abril de 2015

Vikings - A Primeira Temporada



A série Vikings tem somente duas temporadas na Netflix, o que já é o bastante para ME causar calafrios, porque eu realmente não quero terminar a segunda temporada, caçar a terceira na internet e ter que esperar [suando frio de ansiedade] por novos episódios lançados a cada domingo.

Acho que essa é a sensação que todos os acompanhantes da série têm, porque é simplesmente impossível ficar mais de alguns dias sem ver um único episódio, sem acompanhar Ragnar ou ver o crescimento dos antigos personagens [como Bjorn] e seu amadurecimento.

Mas, de qualquer modo, estamos aqui para falar da primeira temporada e é o que farei agora.



Vikings é uma série que, obviamente, fala sobre vikings: o modo de viver na sociedade viking, os guerreiros, as mulheres, as vestimentas, as guerras, a política viking... E talvez a primeira coisa que a pessoa "espere" ver na série seja 1) guerras sangrentas e 2) um povo fascinante com a sua religião igualmente fascinante: mitologia nórdica [que, pra quem não conhece, engloba Odin, Thor, Thyr, Freja... Alguns deuses desse leque -q].

Óbvio que se a pessoa for se basear nos resumos de episódios do Netflix ou do Banco de Séries, não vai encontrar exatamente o que espera [os resumos são péssimos], mas logo de cara ela encontra o que procura, pois justamente no primeiro episódio temos algumas mortes interessantes e bem feitas, discussões, politicagem e, especialmente, Deuses [não em pessoa, mas mencionados. O tempo inteiro temos os deuses nas bocas dos vikings e isso é simplesmente sensacional].

Começamos a temporada com o Ragnar Lothbrook, o protagonista, querendo a todo custo mudar a direção de viagem dos vikings - eles sempre vão para Leste, mas dessa vez o fazendeiro quer destinar a viagem a Oeste! - e invadir as terras da chamada Inglaterra; um local "misterioso", que os vikings não conhecem muito bem e que aparece nos "boatos dos vikings" como um lugar cheio de ouro e terras. Certamente que isso será o problema principal da série, ou pelo menos dos primeiros episódios.

Aos poucos nós vamos conhecendo melhor a aldeia, os fazendeiros e guerreiros e também a família e circulo social do Ragnar: há a família dele, composta pela Lagertha, Bjorn e Gida - além do irmão dele, Rollo - e também os amigos do cara. Aprendemos um pouco sobre a política do local, em si, sobre o Conde e sua total falta de democracia, e também vemos os vikings entrando cada vez mais na Inglaterra e no novo modo de navegação.



Penso que o mais impede a pessoa de abandonar a primeira temporada de vikings é, além do elenco e de personagens sensacionais, a trama em si: não é apenas um bando de vikings dando nas caras uns dos outros com seus machados ou vikings fazendo sexo nas esquinas. É uma série complexa, com uma trama bastante intrigante, e, diferente de muitas outras séries, tem algo a mais além das brigas infinitas e desnecessárias e das 45435343545 cenas de nudez [90% delas sem sentido algum].

Na realidade, eu vi algumas críticas que comparavam - de uma forma nada lógica - Vikings a Game of Thrones.

Bem. Eu vi as duas séries, e inclusive li todos os livros de Game of Thrones e digo que nenhuma delas tem algo um comum. O tema de GoT é completamente diferente do tema de Vikings; o clima de GoT é outro, a forma como os personagens são apresentados e "usados" pelo George Martin é outra bem diferente da forma como os personagens de Vikings são colocados na trama da série e, especialmente, uma tem sua profundidade totalmente voltada para outro tema. Game of Thrones é uma série de livros/televisão muito mais voltada para o período medieval, muito mais relacionada com a fantasia em si do que Vikings, que obviamente vai falar sobre Vikings e ponto final.

Talvez essas pessoas estejam tratando as séries "de forma única" por conta das batalhas ou talvez do caráter dos personagens [comparando os vikings com os Khals, por exemplo] ou até mesmo com a coisa toda dos Deuses. Infelizmente, uma série está voltada completamente para um tópico e outra para outro tema diferente. GoT não é mais profundo que Vikings porque simplesmente GoT não fala sobre Vikings, e nem se focaria em Vikings e nem sequer pensa em falar sobre Vikings, da mesma forma como Vikings não tem dragões, não tem uma Khaleesi e, especialmente, não tem 454546456 mortes por episódio [-q].



De qualquer modo, voltando para minha análise da primeira temporada.

Cada episódio de Vikings mostra os acontecimentos e decisões de uma forma tão interessante e tão densa, que nem parece que se passam sempre 45min em cada um. Nem parece, aliás, que eu levei alguns dias para terminar a primeira temporada, porque simplesmente eu senti como se tivesse levado horas, ou minutos. A série é tão interessante, tão fluida... Que não tem como se cansar durante os episódios.

Os personagens, aliás, vão crescendo de tal maneira que você acaba se afeiçoando até ao mais desagradável de todos [Rollo qqq] e se surpreende com os acontecimentos que... Deuses, chega até a se sentir mal ou triste por algumas coisas.

Uma das coisas que mais me agradou durante a primeira temporada foi o embate entre a religião católica e a religião nórdica. Athelstan, o padre, contra os nórdicos vikings que acreditam em Odin, o pai de todos, que fazem sacrifícios aos Deuses pedindo por glória em batalha, que sentem gosto em morrer numa guerra para irem ao Valhalla e que sabem que os Deuses podem se enfurecer com eles e amaldiçoar suas famílias e seus atos. A gente vê que, aos poucos, a religião nórdica vai encantando a todos... Que, aos poucos, a gente prefere a nórdica à católica [o clima da série nos transporta direto para essa coisa nórdica, com Deuses e sacrifícios. Impossível não se encantar pelos feitos de Thor ou pela história do Ragnarok, ou então querer ir até o Templo de Uppsala porque, nossa, aquele lugar é lindo demais!].

E isso que é legal. O embate entre a nossa "cultura atual" e a cultura antiga. Ver o pensamento deles, o modo como se comportavam e agiam e suas leis - aliás, eu me identifico muito com o modo deles de viver. As mulheres são tão fortes e impressionantes! Elas não ficam de "mimimi" por conta de uma guerra, ou porque os "homens delas" vão para batalha. Elas pegam o escudo e um machado e vão pra porradaria também! [inclusive as que não são escudeiras, o que é sensacional]. Os caras não ficavam de 'mimimi' por conta das mulheres indo para a batalha, e nem tinha essa coisa religiosa idiota separando socialmente homens de mulheres.



É tão maravilhosamente interessante!! Aliás, outra coisa que realmente me deixou muito contente com a temporada: as mortes são lógicas, e acontecem. Seu personagem? Pode morrer, claro, pode ser decapitado, pode ter uma flecha no meio da cara, pode morrer de qualquer modo, pode ser oferecido como sacrifício... Sensacionalmente sincero.

E o final da primeira temporada... Acredito que não existiu nada mais lógico. Se fosse uma série qualquer criada para agradar os fãs, talvez não tivesse acontecido dessa forma. Acho que tudo o que aconteceu fez sentido, cada episódio, cada tomada de decisão... Cada morte e cada ida. Todos os detalhes fizeram sentido e acabaram chegando a consequencias lógicas - o que me agrada bastante. Óbvio que se você pesquisar na wikipedia sobre os personagens, pode encontrar uns spoilers indesejados, pois há boatos de que Ragnar existiu de verdade [e o Bjorn realmente existiu]. Então, eu diria para não fazer isso.

O final é maravilhoso e culmina no primeiro episódio da segunda temporada.

Eu diria que a primeira temporada fez juz à promessa sobre a série: lógica, impressionante e, especialmente, viking.

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