16 de abril de 2015

O Código da Vinci [Dan Brown]



Acho que a maior parte dos leitores/cinéfilos/pessoas aleatórias já ouviu falar sobre esse livro, desse autor. Talvez não saibam exatamente sobre o que o livro fala, e talvez até mesmo alguns passassem a não curtir muito o livro depois de lê-lo ou de ouvir um pouco sobre o que se trata.

O Código da Vinci é um dos livros mais lidos no mundo inteiro e inclusive o 20º livro mais vendido [no ranking de livros com mais de 50 milhões de cópias vendidas. No caso, O Código da Vinci vendeu mais de 80 milhões de cópias], contando com outras edições também de outras editoras - tanto da Bertrand Brasil como quanto da Sextante também.

Ele faz parte de uma "série" de livros do autor Dan Brown. No caso, o que conecta os livros dessa série é uma espécie de linha do tempo e o fato de que o protagonista é sempre o mesmo - Robert Langdon. Não há absolutamente nenhum mal em ler 'fora da ordem' [como eu fiz, começando direto pelo Código da Vinci e indo para Inferno], porque a única coisa que mostra essa conexão entre os livros é uma pequena menção ou outra dos acontecimentos de livros anteriores, mas nada que dê spoilers ou, enfim, coisas do tipo.

Para os mais metódicos, a ordem seria: Anjos e Demônios; Ponto de Impacto; Código da Vinci; Símbolo Perdido e, finalmente, Inferno [o mais recente de Dan Brown].
Para os não tão metódicos assim: vamos falar sobre o livro extremamente polêmico cuja adaptação cinematográfica foi quase proibida de ser produzida pelo Vaticano.

Um assassinato dentro do Museu do Louvre, em Paris, traz à tona uma sinistra conspiração para revelar um segredo que foi protegido por uma sociedade secreta desde os tempos de Jesus Cristo. A vítima é o respeitado curador do museu, Jacques Saunière, um dos líderes dessa antiga fraternidade, o Priorado de Sião, que já teve como membros Leonardo da Vinci, Victor Hugo e Isaac Newton.

Momentos antes de morrer, Saunière consegue deixar uma mensagem cifrada na cena do crime que apenas sua neta, a criptógrafa francesa Sophie Neveu e Robert Langdon, um famoso professor de Simbologia de Harvard, podem desvendar.

Os dois transformam-se em suspeitos e em detetives enquanto percorrem as ruas de Paris e de Londres tentando decifrar um intricado quebra-cabeça que pode lhes revelar um segredo milenar que envolve a Igreja Católica.

Apenas alguns passos à frente das autoridades e do perigoso assassino, Sophie e Robert vão à procura de pistas ocultas nas obras de Da Vinci e se debruçam sobre alguns dos maiores mistérios da cultura ocidental - da natureza do sorriso da Mona Lisa ao significado do Santo Graal.

Autor: Dan Brown.
Ano: 2004.
Editora: Arqueiro.
Páginas:421 + capítulo de Anjos e Demônios.

Acho que já deu para ver, pela sinopse, que o livro realmente promete trazer umas discussões bem polêmicas à tona - coisas como Jesus Cristo, Santo Graal e, especialmente, a Igreja Católica [o que ainda me faz pensar que a Igreja deve ter esse livro dando alergia na sua instituição até hoje. RISOS]. E antes de começar, eu sinceramente aviso às pessoas: por favor, comecem o livro com a mente aberta. Claro, nem tudo o que está nele é verdadeiro, mas ainda assim... Para as pessoas "mente fechada", essas coisas podem incomodar bastante.

Já começamos o primeiro capítulo acompanhando o assassinato do curador Jacques Saunière que, segundo a sinopse, está envolvido em alguns grupos bem "polêmicos". Como lemos na sinopse, não é novidade alguma que Jacques antes de morrer deixa uma mensagem, de alguma forma, para sua neta, Sophie, e para o simbologista Robert. Acontece que... o modo como ele é morto, por quem ele é morto e onde ele deixa a mensagem... Já são coisas que deixam o leitor intrigado desde o princípio [ponto para Dan Brown, que sabe fisgar o leitor].

[Este é o livro. Olá]

Durante toda a leitura, acompanhamos Robert e Sophie em sua tentativa desvairada de desvendar quem matou o curador Jacques. Claro que, como simbologista e como um livro de suspense e investigação, teremos muitas idas e vindas dos dois personagens principais e eles quase sendo pegos para, no final, se livrarem e serem perseguidos, etc, etc, etc, etc.

Essa foi uma das coisas que me irritou um pouquinho durante a leitura. Eu não curto muito essa coisa dos herois sempre se safarem ou sempre estarem perto de serem pegos e, DE REPENTE, POR ALGUM MOTIVO DO ALÉM-TUMULO, eles se livram (!!!!). Não suporto esse tipo de coisa e durante a leitura de Código da Vinci essas coisas me irritaram e me fizeram tirar uma estrela ao total [de cinco estrelas]. Quer dizer, o livro poderia ser um pouco mais lógico, certo? Os principais às vezes são pegos e às vezes se ferram demais e muitas vezes eles morrem.

Quer dizer, cadê o sentido disso?

Além do que, não há muito o que falar dos personagens. Há o tipíco protagonista inteligente pra caramba, a garota que se une a ele e também é muito inteligente, e o investigador da polícia que acha que sabe tudo mas não sabe nada [fazendo o Snow] e os ajudantes do investigador da polícia que normalmente podem ser caras descolados, gordos ou idiotas. E, como sempre, há o amigo do protagonista, e o vilão da história. Fim. São personagens típicos, sem muita profundidade psicológica ou qualquer coisa do tipo, com histórias montadas superficialmente [dependendo da importância do personagem] e que de alguma forma se encaixam com a história do livro, em si.

Portanto, o que há de mais rico na história do Código da Vinci não é o elenco.

[Adorei a organização dos capítulos, sem pular muitas linhas ou sem começar em outra página. Gostei mesmo]

De qualquer modo, o restante do livro é muito maravilhoso. Não sei se eu digo isso porque a investigação é feita de uma forma inteligente, lógica e racional, ou se digo isso porque as coisas que envolvem a investigação são perfeitamente polêmicas ou, então, se é porque ao ler essas coisas polêmicas eu fiquei bastante feliz [curto coisas polêmicas, especialmente envolvendo instituições poderosas como o Vaticano].

Aliás, uma coisa que realmente me agradou foi a veracidade de certas coisas que são importantes no livro [como o Priorado de Sião, Opus Dei...]. Logo no começo do livro, temos uma página falando sobre a veracidade dos assuntos, e também sobre os detalhes das obras de arte, dos autores, pintores, etc. Isso torna a história ainda mais interessante, porque você fica se perguntando "e se as coisas que não são verdadeiras... Fossem?".

Mas o que realmente me interessou foi a polêmica.

Caso vocês não saibam, ou sei lá, não tenham notado ainda, Código da Vinci tem seu enredo todo envolvido pela Igreja e pelos pontos da religião católica [Jesus, Maria Madalena, Santo Graal, etc] e o autor, Dan Brown, toca em assuntos e em questionamentos que talvez não sejam muito legais para o Vaticano ou até mesmo para muitos católicos ao redor do mundo. Ao mencionar o Opus Dei, por exemplo [uma organização extremamente conservadora da Igreja Católica que é conhecida por "mortificações corporais", ou seja, penitências corporais, autoflagelamento, etc], o autor talvez esteja tocando em uma ferida que está aberta e que não vai se fechar nunca. Toca em pontos do Vaticano que, eu acho, o atual Papa não queira falar muito sobre.

Ao mencionar Maria Madalena, Jesus e Santo Graal [que poderia ser o Cálice usado por Jesus na santa ceia, OU que é "alguma coisa" relacionada a Jesus e que foi procurada pelo Rei Artur e pelos cavaleiros da Távola Redonda - segundo o mito do Graal - mas que, no Código da Vinci, tem um significado extremamente polêmico para o Vaticano e para católicos mais fervorosos, talvez], acredito que Dan Brown esteja tocando em assuntos que não sejam tão agradáveis de serem discutidos, que não são muito bem aceitos - pelo que deu para perceber - e que, certamente, não são bem vistos por organizações como o Opus Dei.

E isso é legal.

Nada contra o Vaticano, claro, mas eu gosto de livros que cutuquem feridas. Gosto de livros que propõem questionamentos e que, especialmente, façam as pessoas duvidarem do que já escutaram/aprenderam. Não em especial sobre o Vaticano, mas sobre qualquer coisa! Qualquer coisa que promova um questionamento mais avassalador, para mim, é digno de atenção. Por isso gostei tanto de O Código da Vinci; porque ele propõe esse questionamento... Sobre a Igreja e tudo o que ela já alegou.

[Esse é Robert e essa é a Sophie. Atrás, temos a famosa Mona Lisa]

Continuando e deixando as polêmicas de lado, eu diria que Código da Vinci é um dos livros mais lidos, mais vendidos e mais adorado no mundo justamente pelo questionamento que ele traz, pelas coisas que ele aponta e critica e, especialmente, pela escrita.

Eu nunca havia lido Dan Brown antes e, preciso confessar, eu julgava extremamente o autor. Não sei o motivo, mas eu achava que os livros eram ruins ou que, sei lá, eram muito românticos (?). Ainda bem que comecei a ler esse livro, porque eu enxerguei que o autor é muito bom, e que escreve realmente muito bem.

De qualquer modo, o desenrolar do livro e da investigação são bons... Mas o final é um tanto quanto decepcionante. Quer dizer, eu esperava mais, de fato. Eu esperava algo surpreendente de uma forma mais lógica, e não o que aconteceu.

Sem querer dar nenhum spoiler sobre o final ou sobre a história do livro em si, eu acredito que devo falar que, talvez, essa história prometa demais durante o desenrolar de tudo, mas que ao final... Ela é um tanto quanto normal. Eu esperava uma coisa maior, esperava uma grande revelação, esperava QUALQUER COISA MAIS ABSURDA E MAIS LOUCA, mas não o que aconteceu!! Fiquei seriamente chateada com Dan Brown [apesar de que ele está cagando para isso] e com esse final.

Eu queria mais. Esperava mais.

Apesar disso, o livro continuou com quatro estrelas no skoob porque de fato tudo o que envolve a história e a investigação é sensacionalmente polêmico e [FODA] maravilhoso. Eu gostei demais disso, e chegou até a superar esse final meio decepcionante.


No final das contas, o livro é ótimo e a escrita também. Se você quiser ler, prepare-se para ler coisas um tanto quanto questionadoras.

Como eu já vi o filme, pretendo dar aquela resenhada também. O que já posso adiantar é que, mesmo sendo um tanto quanto fiel... O filme deu um jeito de destruir a "ideia questionadora principal" do livro - com somente uma mudança em uma fala, de uma cena.

Até lá :D

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