Confesso que quando fui ver
Cinderella, não tinha expectativas nenhuma em relação ao filme. Aliás, tinha:
que seria um filme bem “meh”, tipo aqueles da sessão da tarde, que você vê pra
passar o tempo e esquece assim que sai da sessão.
Antes de me julgarem, entendam
que essa expectativa negativa não foi baseada em “nada”. Na verdade, antes dele
estrear, era um dos filmes que eu mais aguardava para ver. Mas depois de sua
estreia começaram os comentários negativos e chegou ao ponto do filme ser
resumido para mim da seguinte forma: “A única coisa boa do filme são os animais
e as roupas bonitas.”
Ah, vá, né. Pagar 16 reais pra
ver animais e roupas bonitas eu ia ao zoológico e depois na Forever 21. sdds,
forever, pq tão longe :’(
Mas mesmo com o preconceito fui
ver. E me surpreendi.
A tal “mosca-mortice” de que
acusavam a protagonista não é verdade. Pelo menos não para quem prestou
atenção. Lilly James, intérprete da Cinderella, consegue balancear perfeitamente
a doçura e força que dão o tom da personagem. A menina tem uma graça invejável,
tem a voz doce e todos os outros pré-requisitos de mosca morta, mas sua
presença de espírito não passa despercebida, e isso dá vida à Cinderella sem
torná-la forçada.
O cliché do príncipe encantado
imponente em seu cavalo branco que só aparece para salvar a mocinha também não
é verdade. Tiveram o cuidado de dar vida ao príncipe, contar um pouco da sua
história, da sua personalidade e relação com o pai (o rei). E tudo foi muito
bem interpretado por Rob Stark Richard Madden.
E apesar da perfeita combinação
do casal principal, o destaque do filme é inegavelmente a madrasta de
Cinderella, interpretada por Cate Blanchett. Que a mulher é boa atriz, todo
mundo sabe, mas ela consegue te cativar mesmo no papel de vilão de forma que
você quase consegue torcer por ela. Um dos aspectos que me surpreendeu no
filme, aliás, foi a relação Cinderella/madrasta. Diferente do clássico onde a
madrasta é claramente má com Cinderella a partir do momento em que seu pai morre,
a Lady Tremaine do filme atual passa por um processo gradual de maldade manipulando sorrateiramente a
Cinderella a fazer seus caprichos até que ela finalmente se torna sua criada.
Sobre a fada madrinha... Olha,
isso na verdade foi um ponto de decepção. Acho que talvez tenha botado uma
expectativa muito grande sobre a Helena Bonham Carter, mas achei a atuação dela
um tanto forçada demais. Sinceramente, a fada madrinha interpretada por ela
parecia que tinha tomado uns drinks antes de aparecer por lá. Muito avoada,
muito desastrada, muito muito. E embora a intenção desse exagero todo fosse dar
um tom de humor à cena, talvez o diretor da próxima vez prefira ficar com a
máxima do “menos é mais”.
Máxima que se aplica, por
exemplo, à trilha sonora. A canção de ninar “Lavender’s Blue” embala o filme
todo, intercalada com algumas outras poucas músicas instrumentais, gruda na sua
cabeça de uma forma boa, e te faz sair da sessão com uma vontade enorme de
dançar igualzinho o príncipe dança com a Cinderella.
Recomendo o filme para todos.
Todas as idades, todos os gostos. Ele tem comédia, romance e intriga na medida
certa para agradar a todos os públicos, não fica cansativo e te surpreende
mesmo você conhecendo o conto de trás para frente.
Ah, e os animais são muito bons mesmo. E as roupas bonitas também.
Corre pra ver que vale a pena!
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